Neste poema com título a significar “enrocamento”
ou “quebra-mar”, Snyder leva-nos a um estado em que as palavras têm a substância
e o peso das rochas, ou seja, a solidez ou a rigidez das coisas que dão
concretude ao mundo.
Mas não se entenda que o poeta somente
vê o mundo a partir daquilo que exibe constância. Afinal, ele reconhece que o universo
tem a heraclitiana mudança como o seu princípio maior, e os seres humanos são
obrigados a alterar os seus pontos de vista para manterem a saúde de seu estado
mental.
J.A.R. – H.C.
Gary Snyder
(n. 1930)
Riprap
Lay down these words
Before your mind like
rocks
placed solid, by
hands.
In choice of place,
set
Before the body of
the mind
in space and time:
Solidity of bark,
leaf, or wall
riprap of things:
Cobble of milky way,
straying planets,
These poems, people,
lost ponies with
Dragging saddles –
and rocky sure-foot
trails.
The worlds like an
endless
four-dimensional
Game of Go.
ants and pebbles
In the thin loam,
each rock a word
a creek-washed stone
Granite: ingrained
with torment of fire
and weight
Crystal and sediment
linked hot
all change, in
thoughts,
As well as things.
Pescadores em um quebra-mar
diante
de um farol com
barcos que se dirigem
às áreas de pesca
(Thomas Sewell Robins: pintor britânico)
Molhe
Pousa estas palavras
Diante da tua mente
como sólidas
rochas justapostas
pelas mãos.
Na escolha do lugar, acomoda
Ante o corpo da mente
no espaço e no tempo:
Solidez de casca,
folha ou muro
molhe de coisas:
Calçamento da via láctea,
planetas errantes,
Estes poemas, pessoas,
pôneis perdidos com
Selas a arrastar –
e seguras trilhas
rochosas.
Os mundos como um
interminável
e tetradimensional
Jogo de Go,
formigas e seixos
Na marga fina, cada
rocha uma palavra,
uma pedra lavada no
córrego.
Granito: lavrado
ao tormento do fogo,
e o peso
Do cristal e do
sedimento selados ao calor:
tudo isto muda, em
pensamentos,
Assim como mudam as
coisas.
Nota:
Jogo de Go – Trata-se de um
milenar jogo de tabuleiro, originário da China.
Referência:
SNYDER, Gary. Riprap. In: McCLATCHY, J.
D. (Ed.). The vintage book of contemporary american poetry. 2nd ed. New
York, NY: Vintage Books (A Division of Random House Inc.), march 2003. p. 360.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário