As reflexões deste poema derivam, certamente, da experiência que o poeta
teve como militar na marinha real britânica durante a 2GM, servindo em
contratorpedeiros no Ártico, onde pôde entrar em contato com as táticas de guerra
e ludibrio no mar, em companhia de outros militares que lhe pareceram algo como
autômatos delinquentes.
Ross descreve um navio de guerra, com o seu radar de antenas giratórias,
que, ao detectar alterações de relevo, transmite dados captados pelos seus
sensores ao aparelho de mira dos grandes canhões.
Aludindo aos efeitos provocados pela extensão despersonalizante da
percepção humana, Ross objeta que, embora multipliquem “os nossos olhos para
nós”, a tecnologia nos deixa cegos para os efeitos nefastos que provoca sobre
os nossos pares.
J.A.R. – H.C.
Alan Ross
(1922-2001)
Radar
Distance is swept by
the smooth
Rotations of power,
whose staring
Feelers multiply our
eyes for us,
Mark objects’ range
and bearing.
Linked to them, guns
rehearse
Calculated obedience;
echoes of light
Trigger the shadowing
needle, determine
The flaring arrest of
night.
Control is remote:
feelings, like hands,
Gloved by space. Responsibility
is shared, too:
And destroying the
enemy by radar,
We cannot see what we
do.
Uma Breve Parada
(Thomas Kluge: pintor
dinamarquês)
Radar
A distância é varrida
pelas suaves
Rotações do poder, cujas
espalhafatosas
Antenas multiplicam
nossos olhos para nós,
Enfatizando a gama e
o porte dos objetos.
Em conexão com elas,
as armas ensaiam
Calculada obediência;
ecos de luz
Disparam o ponteiro
de rastreamento,
Desencadeando a
cintilante apreensão da noite.
O controle é remoto:
sentimentos, como as mãos,
Velados pelo espaço. Partilha-se
também o encargo:
E destruindo o
inimigo por meio do radar,
Nós não podemos enxergar
o que fazemos.
Referência:
ROSS, Alan. Radar. In: PERRINE,
Laurence; REID, James M. (Eds.). 100
american poems: of the twentieth century. New York, NY: Harcourt, Brace
& World Inc., 1966. p. 281.
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