Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 19 de março de 2017

Alan Ross - Radar

As reflexões deste poema derivam, certamente, da experiência que o poeta teve como militar na marinha real britânica durante a 2GM, servindo em contratorpedeiros no Ártico, onde pôde entrar em contato com as táticas de guerra e ludibrio no mar, em companhia de outros militares que lhe pareceram algo como autômatos delinquentes.

Ross descreve um navio de guerra, com o seu radar de antenas giratórias, que, ao detectar alterações de relevo, transmite dados captados pelos seus sensores ao aparelho de mira dos grandes canhões.

Aludindo aos efeitos provocados pela extensão despersonalizante da percepção humana, Ross objeta que, embora multipliquem “os nossos olhos para nós”, a tecnologia nos deixa cegos para os efeitos nefastos que provoca sobre os nossos pares.

J.A.R. – H.C.

Alan Ross
(1922-2001)

Radar

Distance is swept by the smooth
Rotations of power, whose staring
Feelers multiply our eyes for us,
Mark objects’ range and bearing.

Linked to them, guns rehearse
Calculated obedience; echoes of light
Trigger the shadowing needle, determine
The flaring arrest of night.

Control is remote: feelings, like hands,
Gloved by space. Responsibility is shared, too:
And destroying the enemy by radar,
We cannot see what we do.

Uma Breve Parada
(Thomas Kluge: pintor dinamarquês)

Radar

A distância é varrida pelas suaves
Rotações do poder, cujas espalhafatosas
Antenas multiplicam nossos olhos para nós,
Enfatizando a gama e o porte dos objetos.

Em conexão com elas, as armas ensaiam
Calculada obediência; ecos de luz
Disparam o ponteiro de rastreamento,
Desencadeando a cintilante apreensão da noite.

O controle é remoto: sentimentos, como as mãos,
Velados pelo espaço. Partilha-se também o encargo:
E destruindo o inimigo por meio do radar,
Nós não podemos enxergar o que fazemos.

Referência:

ROSS, Alan. Radar. In: PERRINE, Laurence; REID, James M. (Eds.). 100 american poems: of the twentieth century. New York, NY: Harcourt, Brace & World Inc., 1966. p. 281.

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