O poeta inglês, contemporâneo de Camões (1524-1580), muito lembra o vate
lusitano neste seu poema, ao
retratar as contingências do amor, as aflições que provoca no espírito humano,
sua mescla de dor, tormento, desfrute, enlevo.
As metáforas sobre o sentimento seguem sem fim: uma planta que tanto
mais cresce quanto mais se poda – cuidado lá, se você tenta ocultá-lo ou
negá-lo atirando-o pela janela, ele há de retornar pela porta dos fundos! –, uma
doença sem cura, uma borrasca sem fim, linhagem de afeição incompleta, precária,
instável.
J.A.R. – H.C.
(1562-1619)
Love is a sickness full of woes
Love is a sickness
full of woes,
All remedies refusing;
A plant that with
most cutting grows,
Most barren with best
using.
Why so?
More we enjoy it,
more it dies;
If not enjoyed, it
sighting cries,
Heigh ho!
Love is a torment of
the mind,
A tempest
everlasting;
And Jove hath made it
of a kind
Not well, not full,
nor fasting.
Why so?
More we enjoy it,
more it dies;
If not enjoyed, it
sighing cries,
Heigh ho!
(Jean-Antoine Watteau:
pintor francês)
O amor é um mal repleto de pesares
O amor é um mal
repleto de pesares,
A recusar todos os
remédios,
Uma planta que cresce
quanto mais se poda,
Que se torna mais
estéril quanto mais dela se cuida.
Por quê?
Quanto mais o
desfrutamos, mais ele definha;
Se não o desfrutamos,
ele suspirando chora,
Ai de nós!
O amor é um tormento
da mente,
Uma eterna
tempestade;
E Júpiter o fez de
uma espécie
Não satisfatória, não
plena, nem devotada.
Por quê?
Quanto mais o
desfrutamos, mais ele definha;
Se não o desfrutamos,
ele suspirando chora,
Ai de nós!
Referência:
DANIEL, Samuel. Love is a sickness full
of woes. In: PINTER, Harold; GODBERT, Geoffrey; ASTBURY, Anthony (Sels.). 100 poems by 100 poets: an anthology.
New York, NY: Grove Press, 1986. p. 45.
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