Neste poema que inicia o livro “El delito natal”, de 1963, Madariaga
revela certo perfil surrealista em sua elocução, com transposição difusa de
imagens e ideias, a compor um mosaico quimérico pairando sobre as colunas
do desejo.
Centrada na aparente polaridade do ser e do não-ser, a “nova arte
poética” revela poesia afeita aos prazeres dos olhos, como bebida que arrebata
e alucina, invocadora de vestígios de estados aflitivos.
J.A.R. – H.C.
Francisco Madariaga
(1927-2000)
Nueva Arte Poética
No soy el espectral,
ni el sangriento, ni el cautivo, ni el libre, ni
el trompudo de labios
de lata, ni el acordeón del mal-ayer, ni la
blancura del futuro,
ni el bobalicón del espacio, ni la academia
de los astros, ni el
planetario de las correspondencias.
Yo soy aquel que
tiene los deseos del celo de la tierra.
Aquel que tiene los
cabellos del lado del amor.
El peinador de los
pocos retratos de desgracia.
El cacique de la boca
arrojada sobre el lecho de la mujer que sangra.
¡Manantial para mis
heridas!, que no son más que cosas de hadas.
¡Buen beber para mis
ojos!, que no son más que sombras de
desgracias, devueltas
por el agua.
¡Loor terrestre a mis
amigos y hermanas con temblores de bocas de
duraznos, besadas por
el agua!
A Rosa Cativa
(Jeanne Illenye:
artista norte-americana)
Nova Arte Poética
Não sou o espectral,
nem o sangrento, nem o cativo, nem o livre, nem
o beiçudo de lábios
de lata, nem o acordeão do malpassado, nem a
brancura do futuro,
nem o bobalhão do espaço, nem a academia
dos astros, nem o
planetário das correspondências.
Eu sou aquele que tem
os desejos do cio da terra.
Aquele que tem os
cabelos do lado do amor.
O penteador dos
poucos retratos de infortúnio.
O cacique da boca
destemida sobre o leito da mulher que sangra.
Manancial para minhas
feridas!, que não são mais que coisas de fadas,
Boa bebida para os
meus olhos! que não são mais que sombras de
infortúnio, devolvidas
pela água.
Loa terrestre a meus
amigos e irmãs com tremores nas bocas por
pêssegos, beijadas pela água!
Referência:
MAEDARIAGA, Francisco. Nueva arte
poética. In: BORDA, Juán Gustavo Cobo (Selección, prólogo y notas). Antología de la poesía hispanoamericana.
1. ed. México, DF: Fondo de Cultura Económica, 1985. p. 354. (Colección Tierra
Firme)
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