Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Francisco Madariaga - Nova Arte Poética

Neste poema que inicia o livro “El delito natal”, de 1963, Madariaga revela certo perfil surrealista em sua elocução, com transposição difusa de imagens e ideias, a compor um mosaico quimérico pairando sobre as colunas do desejo.

Centrada na aparente polaridade do ser e do não-ser, a “nova arte poética” revela poesia afeita aos prazeres dos olhos, como bebida que arrebata e alucina, invocadora de vestígios de estados aflitivos.

J.A.R. – H.C.

Francisco Madariaga
(1927-2000)

Nueva Arte Poética

No soy el espectral, ni el sangriento, ni el cautivo, ni el libre, ni
el trompudo de labios de lata, ni el acordeón del mal-ayer, ni la
blancura del futuro, ni el bobalicón del espacio, ni la academia
de los astros, ni el planetario de las correspondencias.

Yo soy aquel que tiene los deseos del celo de la tierra.
Aquel que tiene los cabellos del lado del amor.
El peinador de los pocos retratos de desgracia.
El cacique de la boca arrojada sobre el lecho de la mujer que sangra.

¡Manantial para mis heridas!, que no son más que cosas de hadas.
¡Buen beber para mis ojos!, que no son más que sombras de
desgracias, devueltas por el agua.

¡Loor terrestre a mis amigos y hermanas con temblores de bocas de
duraznos, besadas por el agua!

A Rosa Cativa
(Jeanne Illenye: artista norte-americana)

Nova Arte Poética

Não sou o espectral, nem o sangrento, nem o cativo, nem o livre, nem
o beiçudo de lábios de lata, nem o acordeão do malpassado, nem a
brancura do futuro, nem o bobalhão do espaço, nem a academia
dos astros, nem o planetário das correspondências.

Eu sou aquele que tem os desejos do cio da terra.
Aquele que tem os cabelos do lado do amor.
O penteador dos poucos retratos de infortúnio.
O cacique da boca destemida sobre o leito da mulher que sangra.

Manancial para minhas feridas!, que não são mais que coisas de fadas,
Boa bebida para os meus olhos! que não são mais que sombras de
infortúnio, devolvidas pela água.

Loa terrestre a meus amigos e irmãs com tremores nas bocas por
     pêssegos, beijadas pela água!

Referência:

MAEDARIAGA, Francisco. Nueva arte poética. In: BORDA, Juán Gustavo Cobo (Selección, prólogo y notas). Antología de la poesía hispanoamericana. 1. ed. México, DF: Fondo de Cultura Económica, 1985. p. 354. (Colección Tierra Firme)

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