Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Sándor Weöres - Arte Poética

O poeta sustenta que a memória é incapaz de garantir eternidade ao seu canto. Daí porque há de se ter personalidade, despojar-se do status de grande poeta e servir à causa do gênio, conferindo-lhe plena humanidade.

Weöres, vate húngaro, bem observa que pouco ou nada se poderá esperar das coisas mutáveis, evanescentes, como as criações da palavra: no máximo detêm elas algum brilho, a extravasar de brasa que apenas aquece por minutos.

J.A.R. – H.C.

Sándor Weöres
(1913-1989)

Ars Poetica

Öröklétet dalodnak emlékezet nem adhat.
Ne folyton-változótól reméld a dicsőséget:
bár csillog, néki sincsen, hát honnan adna néked?
Dalod az öröklétből tán egy üszköt lobogtat
s aki feléje fordul, egy percig benne éghet.

Az okosak ajánlják: legyen egyéniséged.
Jó; de ha többre vágyol, legyél egyén-fölötti:
vesd le nagy-költőséged, ormótlan sárcipődet,
szolgálj a géniusznak, add néki emberséged,
mely pont és végtelenség: akkora, mint a többi.

Fogd el a lélek árján fénylő forró igéket:
táplálnak, melengetnek valahány világévet
s a te múló dalodba csak vendégségbe járnak,
a sorsuk örökélet, mint sorsod örökélet,
társukként megölelnek és megint messze szállnak.

O Ateneu: as Fontes
(Hubert Robert: artista francês)

Arte Poética

A memória não pode eternizar a tua canção.
Não se espere glória do que sempre muda:
brilha, mas não a tem, então como oferecer-te?
Tua canção talvez exiba uma brasa de eternidade
E os que a ela se voltam aquecem-se por instantes. 

Recomendam-no os sábios: mostra personalidade.
Bem; mas se desejas mais, vai além do individual:
larga o teu dote de poeta, tuas galochas incômodas,
serve ao gênio, concede-lhe tua humanidade,
que é ponto e infinito: do mesmo porte dos outros.

Capta ardentes verbos a luzir nos meandros d’alma:
eles nutrem e confortam uns tantos anos cósmicos
e em tua efêmera canção não passarão de migrantes,
o destino deles, tanto quanto o teu, é a eternidade,
são amigos que te abraçam e logo partem para longe.

Referência:

WEÖRES, Sándor. Ars poetica. In: MONIKA, Balatoni (Felelős Szerkesztő). Weöres Sándor centenáriumi év. Budapest, HU: Közigazgatási és Igazságügyi Minisztérium, 2014. o. 2. Disponível neste endereço. Acesso em: 27 set. 2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário