Hoje vamos de uma fábula ao estilo de Esopo ou La Fontaine, mas só que
da autoria de um prolífico escritor alemão: passa-nos ele a moral atinente a procedimento muito comum em determinados países, em especial do
terceiro mundo – como um certo que conheço! –, nos quais os políticos mudam de
partido como se trocassem de cueca a cada manhã.
Ops... Pode ser perigoso trocar de cueca a toda hora, se ela estiver
abarrotada de dinheiro cuja origem seja duvidosa, diga-se, provindo da
corrupção. De todo modo, façamos de conta que a alegoria seja válida. O que
importa é estar no comando, mesmo que, para tanto, se mude de cor!
Em tempo: veio-me à mente, de repente, não mais que de repente, a
lembrança da película “Zelig” (1983), do cineasta Woody Allen, cujo
enredo trata exatamente das peripécias de um homem-camaleão que, entre suas
aventuras, consegue despontar como “papagaio de pirata” do papa Pio XI. Vale a indicação,
pois é uma super-comédia!
J.A.R. – H.C.
Wolfdietrich Schnurre
(1920-1989)
Chamäleon
Ein Chamäleon, der sich gerade auf Grün
eingestellt hatte, musste entdecken, dass es
seine Gabe, die Farbe zu wechseln, verloren hatte.
− Aber warum weinst du denn? − fragte man es.
− Weil ich grün sein muss, auch wenn die
Blauen ans Ruder kommen − schluchzte es.
In: “Protest im
Parterre” (1957)
O Colecionador de Camaleões
(Eric Fan: artista
nascido no Havaí)
Camaleão
Um camaleão, que
acabara de passar
à cor verde, teve de
descobrir que
perdera o dom de
mudar de cor.
– Mas por que estás
chorando? – perguntaram-lhe.
– Porque terei de
ficar verde, mesmo quando os
azuis chegarem ao
poder – respondeu ele soluçando.
Em: “Protesto na Plateia” (1957)
Referência:
SCHNURRE, Wolfdietrich. Verbete: camaleão.
Tradução de Paulo Rónai. In: RÓNAI, Paulo. Dicionário
universal Nova Fronteira de citações. 2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Nova
Fronteira, 1985. p. 132.
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