Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

António Corrêa d'Oliveira - Deus

Por que não um belo soneto a divagar pela ideia de Deus? Onipresente em todas as instâncias do mundo, pélagos, páramos, dentro de cada um de nós porque o intuímos, na velhice ou na infância, aqui ou alhures.

A quintessência do ser, infinito, imortal, contemporâneo a todas as estações, porque voragem na amplitude do eterno, a romper os limites das eras cronológicas: um Deus assim seria um esforço de imaginação humana ou existiria de fato? Perguntaria o vate maior da Bahia: “Deus! ó Deus! onde estás que não respondes?”...

J.A.R. – H.C.

António Corrêa dOliveira
(1878-1960)

Deus

Espírito do abismo e das alturas,
Que em tudo quanto vive se derrama:
Já luz esparsa, antes de ser a chama!
Olhar, – sem olhos de órbitas escuras!

Alma que deu sua alma às pedras duras!
Amor tão desamado que nos ama!
Gênio que inspira a noite, e a treva inflama,
Desde as ondas às verdes espessuras!

Centro e fusão de todas as distâncias;
Velhice-mãe de todas as infâncias;
E futuro de quanto há-de morrer...

Possa a minh’alma ver-te, um só segundo,
Presente e em ti, – pretérito do mundo,
Infinito imortal do verbo ser!

Em: “A Criação – Vida e história das árvores” (1913)

Ele reina supremo para sempre
(Ruth Palmer: artista escocesa)

Referência:

D’OLIVEIRA, António Corrêa. Deus. In: __________. Antologia: I - Líricas. Prefácio de Luís de Almeida Braga. Porto, PT: Livraria Tavares Martins, 1959. p. 156-157.

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