O poeta se descreve como um “menestrel” – aquele bardo que, por vezes,
fazia as vezes de músico e cantor em tempos idos, a externar alegria, portanto –,
mas um menestrel mortificado por dentro, pelas lutas inglórias de seu povo
sofrido: o afrodescendente.
Temos abaixo, para ilustrar, duas traduções para o mesmo poema de Hughes:
uma de Sérgio Milliet – um pouco mais livre em relação ao formato do original –
e outra de Paulo Henriques Britto – que me parece mais elegante, ao mesmo tempo
que respeita o número de versos das estrofes e as rimas do quarto e do oitavo
versos de cada estância.
J.A.R. – H.C.
Langston Hughes
(1902-1967)
Minstrel Man
Because my mouth
Is wide with laughter
And my throat
Is deep with song,
You do not think
I suffer after
I have held my pain
So long?
Because my mouth
Is wide with laughter,
You do not hear
My inner cry?
Because my feet
Are gay with dancing,
You do not know
I die?
Anjo Menestrel a Tocar Alaúde
[Detalhe de “Apresentação
de Jesus no Templo”]
(Vittore Carpaccio:
pintor italiano)
O Poeta
Porque a minha boca
se abre em riso
franco
e as canções nascem
do fundo da garganta
não acreditam que eu
sofra
de ter carregado
minha pena
tanto tempo.
Porque a minha boca
se abre em riso
franco
não ouvem o grito
que sobe do meu peito
E como meus pés
se alegram na dança
não suspeitam sequer
que eu morro...
(Tradução de
Sérgio Milliet)
O Menestrel
(Sir James Dromgole
Linton: pintor inglês)
Menestrel
Porque minha boca
É larga de riso
E minha garganta
É funda de canto,
Tu crês que não sofro
Depois de conter
O meu sofrimento
Tanto.
Porque minha boca
É larga de riso
Não ouves o grito
No fundo de mim
Porque os meus pés
São leves de dança
Não sabes que morro
Assim.
(Tradução de Paulo
Henriques Britto)
Referências:
Em Inglês
HUGHES, Langston. Minstrel man. In: PINSKY, Robert; DIETZ, Maggie
(Coords.). American’s favorite poems:
the favorite poem project anthology. New York, NY: W. W. Norton, 2000. p. 131.
Em Português
HUGHES, Langston. O poeta. Tradução de Sérgio Milliet. In: MILLIET,
Sérgio (Seleção e notas). Obras-primas da
poesia universal. 3. ed. São Paulo, SP: Livraria Martins Editora, 1957. p.
392-393.
HUGHES, Langston. Menestrel. In: BRITTO,
Paulo Henriques (Tradutor). Menestrel. Folha
de São Paulo, São Paulo, Caderno ‘Letras’, p. H-5, 1º abr. 1989.
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