Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 20 de novembro de 2016

Samuel Johnson - Amizade

Que tal um poema sobre a amizade, da pena de um dos escritores que o crítico literário norte-americano Harold Bloom considera pertencer ao rol dos maiores gênios da literatura universal de todos os tempos?!

A amizade, de fato, é uma grande dádiva dos céus: como já afirmava o compositor e intérprete mineiro Milton Nascimento, em “Canção da América”, lá pelos anos 80 do século passado, “amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito”!

J.A.R. – H.C.

Samuel Johnson
(1709-1784)
Retrato de Sir Joshua Reynolds

Friendship

Friendship, peculiar boon of heaven,
The noble mind’s delight and pride,
To men and angels only given,
To all the lower world denied.

While love, unknown among the blest,
Parent of thousand wild desires,
The savage and the human breast
Torments alike with raging fires.

With bright, but oft destructive gleam,
Alike o’er all his lightnings fly,
Thy lambent glories only beam
Around the fav’rites of the sky.

Thy gentle flows of guiltless joys,
On fools and villains nev’er descend;
In vain for thee the tyrant sighs,
And hugs a flatterer for a friend.

Directress of the brave and just,
O guide us through life’s darksome way!
And let the tortures of mistrust
On selfish bosoms only prey.

Nor shall thine ardours cease to glow,
When souls to peaceful climes remove:
What rais’d our virtue here below,
Shall aid our happiness above.

Amigas sob a chuva
(Leonid Afremov: pintor israelense)

Amizade

Amizade, peculiar dádiva do céu,
Deleite e orgulho da mente nobre,
Somente concedida a homens e anjos,
Negada para os do mundo ínfero.

Enquanto amor, ignota entre benditos,
Origem de mil desejos indômitos,
O selvagem e o humano enfrentam
Tormentos semelhantes a intensas chamas.

Cintilante, mas às vezes com brilho destrutor,
Mesmo sobre todos os teus clarões flutuas,
Tuas vívidas glórias somente recendem
À volta dos que do céu são favoritos.

Teus fluxos suaves de inocentes alegrias,
Sobre tolos e vilões nunca descem,
Em vão por ti suspira o tirano,
A cingir um adulador como amigo.

Mentora dos bravos e dos justos,
Ó guia-nos pelas umbrosas sendas da vida!
E deixa que as torturas da suspeição
Somente inquietem os torsos ególatras.

Tampouco teu ardor deixará de luzir,
Quando as almas partirem a mansos climas:
O que soergueu nossa justiça aqui embaixo,
Há de prover a nossa ventura lá em cima.

Referência:

JOHNSON, Samuel. Friendship. In: MACKAY, Charles (Selector and arrangement). Thousand and one gems of english poetry. London, EN: George Routledge and Sons, 1867. p. 208-209.

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