Que tal um poema sobre a amizade, da pena de um dos escritores que o
crítico literário norte-americano Harold Bloom considera pertencer ao rol dos maiores gênios da literatura universal de todos os tempos?!
A amizade, de fato, é uma grande dádiva dos céus: como já afirmava o compositor
e intérprete mineiro Milton Nascimento, em “Canção da América”, lá pelos anos 80 do
século passado, “amigo é coisa para se guardar do lado esquerdo do peito”!
J.A.R. – H.C.
Samuel Johnson
(1709-1784)
Retrato de Sir Joshua
Reynolds
Friendship
Friendship, peculiar boon of heaven,
The noble mind’s delight and pride,
To men and angels only given,
To all the lower world denied.
While love, unknown among the blest,
Parent of thousand wild desires,
The savage and the human breast
Torments alike with raging fires.
With bright, but oft destructive gleam,
Alike o’er all his lightnings fly,
Thy lambent glories only beam
Around the fav’rites of the sky.
Thy gentle flows of guiltless joys,
On fools and villains nev’er descend;
In vain for thee the tyrant sighs,
And hugs a flatterer for a friend.
Directress of the brave and just,
O guide us through life’s darksome way!
And let the tortures of mistrust
On selfish bosoms only prey.
Nor shall thine ardours cease to glow,
When souls to peaceful climes remove:
What rais’d our virtue here below,
Shall aid our happiness above.
Amigas sob a chuva
(Leonid Afremov:
pintor israelense)
Amizade
Amizade, peculiar
dádiva do céu,
Deleite e orgulho da
mente nobre,
Somente concedida a
homens e anjos,
Negada para os do
mundo ínfero.
Enquanto amor, ignota
entre benditos,
Origem de mil desejos
indômitos,
O selvagem e o humano
enfrentam
Tormentos semelhantes
a intensas chamas.
Cintilante, mas às vezes
com brilho destrutor,
Mesmo sobre todos os
teus clarões flutuas,
Tuas vívidas glórias
somente recendem
À volta dos que do
céu são favoritos.
Teus fluxos suaves de
inocentes alegrias,
Sobre tolos e vilões
nunca descem,
Em vão por ti suspira
o tirano,
A cingir um adulador como
amigo.
Mentora dos bravos e dos
justos,
Ó guia-nos pelas umbrosas
sendas da vida!
E deixa que as
torturas da suspeição
Somente inquietem os torsos
ególatras.
Tampouco teu ardor
deixará de luzir,
Quando as almas partirem
a mansos climas:
O que soergueu nossa
justiça aqui embaixo,
Há de prover a nossa
ventura lá em cima.
Referência:
JOHNSON, Samuel. Friendship. In: MACKAY, Charles (Selector and arrangement).
Thousand and one gems of english poetry.
London, EN: George Routledge and Sons, 1867. p. 208-209.
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