Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Juan Ramón Jiménez - A Viagem Definitiva

O poeta contempla tudo o que lhe traz alegrias, no âmbito da natureza, e projeta um futuro no qual seu espírito errará nostálgico pelas mesmas paragens, singularmente belas, por onde agora descansa a vista.

Jiménez, Nobel de Literatura em 1956, muito jovem já se preocupava com a morte, e o faz com uma linguagem bastante plástica, visual e melódica, imergindo-nos numa atmosfera em que somos confrontados com a ideia de um universo transcendente.

J.A.R. – H.C.

Juan Ramón Jiménez
(1881-1958)

El Viaje Definitivo

Y yo me iré. Y se quedarán los pájaros
cantando.
Y se quedará mi huerto con su verde árbol,
y con su pozo blanco.

Todas las tardes el cielo será azul y plácido,
y tocarán, como esta tarde están tocando,
las campanas del campanario.

Se morirán aquellos que me amaron
y el pueblo se hará nuevo cada año;
y lejos del bullicio distinto, sordo, raro
del domingo cerrado,
del coche de las cinco, de las siestas del baño,
en el rincón secreto de mi huerto florido y encalado,
mi espíritu de hoy errará, nostáljico...

Y yo me iré, y seré otro, sin hogar, sin árbol
verde, sin pozo blanco,
sin cielo azul y plácido...
Y se quedarán los pájaros cantando.

En: “Poemas agrestes” (1910-1911)

Jardim com Poço dos Desejos
(David Paul: pintor norte-americano)

A Viagem Definitiva

Ir-me-ei embora. E ficarão os pássaros
Cantando...
E ficará o meu jardim com sua árvore verde
E o seu poço branco.

Todas as tardes o céu será azul e plácido,
E tocarão, como esta tarde estão tocando,
Os sinos do campanário.

Morrerão os que me amaram
E a aldeia se renovará todos os anos.
E longe do bulício distinto, surdo, raro
Do domingo acabado,
Da diligência das cinco, das sestas do banho,
No recanto secreto de meu jardim florido e caiado
Meu espírito de hoje errará nostálgico....

E ir-me-ei embora, e serei outro, sem lar, sem árvore
Verde, sem poço branco,
Sem céu azul e plácido...
E os pássaros ficarão cantando.

Em: “Poemas agrestes” (1910-1911)

Referências:

Em Espanhol

JIMÉNEZ, Juan Ramon. El viaje definitivo. In: MUÑOZ, Antonio Mateos. Para una antología del post. 1. ed. Madrid, ES: Cultiva, 2009. p. 60. (Colección “Cultiva”; n. 101)

Em Português

JIMÉNEZ, Juan Ramón. A viagem definitiva. Tradução de Manuel Bandeira. In: BANDEIRA, Manuel. Poemas traduzidos. 3. ed. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1956. p. 181. (Coleção ‘Rubáiyát’)

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