Um dos ícones do romantismo inglês, Shelley sustenta neste seu poema o
quanto a força do amor reflete os poderes da natureza, a alicerçar contínua
conexão entre todos os seus elementos, tal como outro poeta inglês – John Donne
– já o dissera: “nenhum homem é uma ilha!”.
Ora, pois: se a luz do sol abraça a terra, se o luar beija o mar, por
que não teria o poeta o direito de que a sua amada venha ao seu encontro e o
enlace bem apertado?! Ora, ora! Como afirmava o Tom Jobim: “é impossível ser
feliz sozinho!”.
J.A.R. – H.C.
Percy Bysshe Shelley
(1792-1822)
Retrato de Alfred
Clint
Love’s
Philosophy
I
The fountains mingle with the river
And the rivers with the Ocean,
The winds of Heaven mix for ever
With a sweet emotion;
Nothing in the world is single;
All things by a law divine
In one spirit meet and mingle.
Why not I with thine? −
II
See the mountains kiss high Heaven
And the waves clasp one another;
No sister-flower would be forgiven
If it disdained its brother;
And the sunlight clasps the earth
And the moonbeams kiss the sea:
What is all this sweet work worth
If thou kiss not me?
Céu Enluarado
(Francine Henderson:
pintora norte-americana)
A Filosofia do
Amor
I
As fontes mesclam-se
com o rio
E os rios com o Mar,
Ventos do Céu em
mútuo rodopio
Em doce emocionar;
Nada no mundo é
singular;
Tudo, da lei divina
sob abrigo,
Num espírito se acha
no mesclar,
Por que não eu
contigo?
II
Mirem montanhas a
beijar o Céu
E as ondas a se
abraçar;
Qualquer flor-irmã
estaria ao léu
Se seu irmão fosse
desprezar,
E a luz do sol vem a
terra abraçar
E os raios de luar
osculam o mar
De que vale esse puro
laborar
Se você não me
beijar?
Referência:
SHELLEY, Percy Bysshe. Love’s philosophy / A filosofia do amor. Tradução de José Lino Grünewald In: GRÜNEWALD, José
Lino (Organização e tradução). Grandes
poetas da língua inglesa do século XIX. Edição bilíngue. Rio de Janeiro,
RJ: Nova Fronteira, 1988. Em inglês: p. 50; em português: p. 51. (“Poesia de
Todos os Tempos”)
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