Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 24 de abril de 2016

Percy Bysshe Shelley - A Filosofia do Amor

Um dos ícones do romantismo inglês, Shelley sustenta neste seu poema o quanto a força do amor reflete os poderes da natureza, a alicerçar contínua conexão entre todos os seus elementos, tal como outro poeta inglês – John Donne – já o dissera: “nenhum homem é uma ilha!”.

Ora, pois: se a luz do sol abraça a terra, se o luar beija o mar, por que não teria o poeta o direito de que a sua amada venha ao seu encontro e o enlace bem apertado?! Ora, ora! Como afirmava o Tom Jobim: “é impossível ser feliz sozinho!”.

J.A.R. – H.C.

Percy Bysshe Shelley
(1792-1822)
Retrato de Alfred Clint

Love’s Philosophy

I

The fountains mingle with the river
And the rivers with the Ocean,
The winds of Heaven mix for ever
With a sweet emotion;
Nothing in the world is single;
All things by a law divine
In one spirit meet and mingle.
Why not I with thine? −

II

See the mountains kiss high Heaven
And the waves clasp one another;
No sister-flower would be forgiven
If it disdained its brother;
And the sunlight clasps the earth
And the moonbeams kiss the sea:
What is all this sweet work worth
If thou kiss not me?

Céu Enluarado
(Francine Henderson: pintora norte-americana)

A Filosofia do Amor

I

As fontes mesclam-se com o rio
E os rios com o Mar,
Ventos do Céu em mútuo rodopio
Em doce emocionar;
Nada no mundo é singular;
Tudo, da lei divina sob abrigo,
Num espírito se acha no mesclar,
Por que não eu contigo?

II

Mirem montanhas a beijar o Céu
E as ondas a se abraçar;
Qualquer flor-irmã estaria ao léu
Se seu irmão fosse desprezar,
E a luz do sol vem a terra abraçar
E os raios de luar osculam o mar
De que vale esse puro laborar
Se você não me beijar?

Referência:

SHELLEY, Percy Bysshe. Love’s philosophy / A filosofia do amor. Tradução de José Lino Grünewald In: GRÜNEWALD, José Lino (Organização e tradução). Grandes poetas da língua inglesa do século XIX. Edição bilíngue. Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira, 1988. Em inglês: p. 50; em português: p. 51. (“Poesia de Todos os Tempos”)

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