Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 3 de abril de 2016

Álvares de Azevedo - Trindade

De autoria de um dos maiores poetas do período romântico do “mal do século” pátrio – morto com pouco mais de vinte anos –, o poema de hoje retrata as conexões, arraigadas em sua mente, entre a vida, a mulher e a poesia.

Somente a poesia e o amor sobressaem como flores na paisagem inóspita da vida, retratada pelo poeta: afinal, quer ele fenecer num abraço de ternura, junto à sua fada, que lhe há de tanger os fios d’alma.

J.A.R. – H.C.

Álvares de Azevedo
(1831-1852)

Trindade

A vida é uma planta misteriosa
Cheia d’espinhos, negra de amarguras,
Onde só abrem duas flores puras
Poesia e amor...

E a mulher... é a nota suspirosa
Que treme d’alma a corda estremecida,
É fada que nos leva além da vida
Pálidos de langor!

A poesia é a luz da mocidade,
O amor é o poema dos sentidos,
A febre dos momentos não dormidos
E o sonhar da ventura...

Voltai, sonhos de amor e de saudade!
Quero ainda sentir arder-me o sangue,
Os olhos turvos, o meu peito langue...
E morrer de ternura!

Marte desarmado por Vênus
e as três graças
(Jacques-Louis David: pintor francês)

Referência:

AZEVEDO, Álvares de. Trindade. In: __________. Lira dos vinte anos. Jaraguá do Sul, SC: Avenida, 2012. p. 119.

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