Neste poema, o poeta venezuelano Vicente Gerbasi expressa o seu assombro
ante a natureza, as solidões que se instalam em suas paragens, e, a despeito disso,
a suprema intimidade com os seus elementos constituintes, de onde brotam “celestes
músicas”.
Fato é que o poeta lança mão de uma poderosa e sugestiva linguagem,
repleta de imagens ambíguas, que muito provavelmente exprimem os estados
internos do poeta, a dispor sobre a paisagem à volta, mais pronunciadamente,
sobre a flora fascinante e mágica de seu torrão natal.
J.A.R. – H.C.
Vicente Gerbasi
(1913-1992)
Bosque de Música
Mi ser fluye en tu
música, bosque dormido en el tiempo,
rendido a la
nostalgia de los lagos del cielo.
¿Cómo olvidar que soy
oculta melodía
y tu adusta penumbra,
voz de los misterios?
He interrogado los
aires que besan la sombra,
he oído en el
silencio tristes fuentes perdidas,
y todo eleva mis
sueños a músicas celestes.
Voy con las
primaveras que te visitan de noche,
que dan vida a las
flores en tus sombras azules
y me revelan el vago
sufrir de tus secretos.
Tu sopor de
luciérnagas es lenta astronomía
que gira en mi
susurro de follaje en el viento
y alas da a los
suspiros de las almas que escondes.
¿Murió aquí el
cazador, al pie de las orquídeas,
el cazador nostálgico
por tu magia embriagado?
Oh, bosque! tú que
sabes vivir de soledades,
¿adónde va en la noche
el hondo suspirar?
El soplo de la muerte
enluta tus ramajes
y en el llanto del
mundo las lámparas se apagan.
Mas tu paz es
vigilia. Redimes la vida
extasiada en los
cantos, en claros manantiales.
En tu vigilia aprendo
a ver el infinito,
em tus horas asciendo
al ámbito de Dios.
Este valle tranquilo,
amado en las edades,
que en su tristeza
oye el aire de tus arpas,
da sus lirios al cielo
en mística esperanza.
El cielo en mí es
angustia y yo, rumor del cielo,
como eres tú, en la
noche, sombra de sinfonías,
como eres, hacia el
alba, eco suave de luz.
Música do Bosque
(Edward Hornel:
pintor escocês)
Bosque de
Música
Meu ser flui em tua
música, bosque adormecido no tempo,
rendido à nostalgia
dos lagos do céu.
Como esquecer que sou
oculta melodia
e tua adusta penumbra,
voz dos mistérios?
Tenho interrogado os
ares que beijam a sombra,
tenho ouvido no
silêncio tristes fontes perdidas,
e tudo eleva meus
sonhos a músicas celestes.
Vou com as prímulas
que te visitam de noite,
que dão vida às
flores em tuas sombras azuis
e me revelam o vago
sofrer de teus segredos.
Teu letargo de
pirilampo é lenta astronomia
que gira em meu
sussurro de folhagem no vento
e dá asas aos
suspiros das almas que escondes.
Morreu aqui o
caçador, ao pé das orquídeas,
o caçador nostálgico
por tua magia embriagado?
Oh, bosque! tu que
sabes viver de solidões,
para onde vai na
noite o profundo suspirar?
O sopro da morte
enluta tuas ramagens
e no pranto do mundo
as lâmpadas se apagam.
Mas tua paz é
vigília. Redimes a vida
extasiada nos cantos,
em claros mananciais.
Em tua vigília
aprendo a ver o infinito,
em tuas horas ascendo
ao âmbito de Deus.
Este vale tranquilo,
nas idades amado,
que em sua tristeza
ouve o ar de tuas harpas,
fornece seus lírios
ao céu em mística esperança.
O céu e mim é
angústia e eu, rumor do céu,
como és tu, na noite,
sombra de sinfonias,
como és, até a
alvorada, eco suave de luz.
Referência:
GERBASI, Vicente. Bosque de música. In:
__________. Obra poética. Prólogo de
Francisco Pérez Perdomo. Cronología y bibliografía de Eli Galindo. 1a.
reimpressão. Caracas, VE: Biblioteca Ayacucho, dec.1992. p. 34-35.
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