Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 16 de abril de 2016

Vicente Gerbasi - Bosque de Música

Neste poema, o poeta venezuelano Vicente Gerbasi expressa o seu assombro ante a natureza, as solidões que se instalam em suas paragens, e, a despeito disso, a suprema intimidade com os seus elementos constituintes, de onde brotam “celestes músicas”.

Fato é que o poeta lança mão de uma poderosa e sugestiva linguagem, repleta de imagens ambíguas, que muito provavelmente exprimem os estados internos do poeta, a dispor sobre a paisagem à volta, mais pronunciadamente, sobre a flora fascinante e mágica de seu torrão natal.

J.A.R. – H.C.

Vicente Gerbasi
(1913-1992)

Bosque de Música

Mi ser fluye en tu música, bosque dormido en el tiempo,
rendido a la nostalgia de los lagos del cielo.
¿Cómo olvidar que soy oculta melodía
y tu adusta penumbra, voz de los misterios?
He interrogado los aires que besan la sombra,
he oído en el silencio tristes fuentes perdidas,
y todo eleva mis sueños a músicas celestes.
Voy con las primaveras que te visitan de noche,
que dan vida a las flores en tus sombras azules
y me revelan el vago sufrir de tus secretos.
Tu sopor de luciérnagas es lenta astronomía
que gira en mi susurro de follaje en el viento
y alas da a los suspiros de las almas que escondes.
¿Murió aquí el cazador, al pie de las orquídeas,
el cazador nostálgico por tu magia embriagado?
Oh, bosque! tú que sabes vivir de soledades,
¿adónde va en la noche el hondo suspirar?
El soplo de la muerte enluta tus ramajes
y en el llanto del mundo las lámparas se apagan.
Mas tu paz es vigilia. Redimes la vida
extasiada en los cantos, en claros manantiales.
En tu vigilia aprendo a ver el infinito,
em tus horas asciendo al ámbito de Dios.
Este valle tranquilo, amado en las edades,
que en su tristeza oye el aire de tus arpas,
da sus lirios al cielo en mística esperanza.
El cielo en mí es angustia y yo, rumor del cielo,
como eres tú, en la noche, sombra de sinfonías,
como eres, hacia el alba, eco suave de luz.

Música do Bosque
(Edward Hornel: pintor escocês)

Bosque de Música

Meu ser flui em tua música, bosque adormecido no tempo,
rendido à nostalgia dos lagos do céu.
Como esquecer que sou oculta melodia
e tua adusta penumbra, voz dos mistérios?
Tenho interrogado os ares que beijam a sombra,
tenho ouvido no silêncio tristes fontes perdidas,
e tudo eleva meus sonhos a músicas celestes.
Vou com as prímulas que te visitam de noite,
que dão vida às flores em tuas sombras azuis
e me revelam o vago sofrer de teus segredos.
Teu letargo de pirilampo é lenta astronomia
que gira em meu sussurro de folhagem no vento
e dá asas aos suspiros das almas que escondes.
Morreu aqui o caçador, ao pé das orquídeas,
o caçador nostálgico por tua magia embriagado?
Oh, bosque! tu que sabes viver de solidões,
para onde vai na noite o profundo suspirar?
O sopro da morte enluta tuas ramagens
e no pranto do mundo as lâmpadas se apagam.
Mas tua paz é vigília. Redimes a vida
extasiada nos cantos, em claros mananciais.
Em tua vigília aprendo a ver o infinito,
em tuas horas ascendo ao âmbito de Deus.
Este vale tranquilo, nas idades amado,
que em sua tristeza ouve o ar de tuas harpas,
fornece seus lírios ao céu em mística esperança.
O céu e mim é angústia e eu, rumor do céu,
como és tu, na noite, sombra de sinfonias,
como és, até a alvorada, eco suave de luz.

Referência:

GERBASI, Vicente. Bosque de música. In: __________. Obra poética. Prólogo de Francisco Pérez Perdomo. Cronología y bibliografía de Eli Galindo. 1a. reimpressão. Caracas, VE: Biblioteca Ayacucho, dec.1992. p. 34-35.

Nenhum comentário:

Postar um comentário