“Cantor, compositor, ‘performer’, poeta, artista plástico”, Arnaldo
Antunes é múltiplo, e essa pluralidade repercute em sua obra poética (TEIXEIRA,
2015, p. 33). Integrante do grupo musical “Titãs”, com o qual gravou sete
discos, passou, posteriormente, à carreira solo.
Nesta postagem, o internauta tem um exemplar de sua poesia, com música em
parceria com a cantora Marisa Monte, que a interpreta de modo personalíssimo no
vídeo apresentado logo em seguida.
J.A.R. – H.C.
Arnaldo Antunes
(n. 1960)
De mais ninguém
Se ela me deixou, a
dor
é minha só, não é de
mais ninguém.
Aos outros eu devolvo
a dó,
eu tenho a minha dor.
Se ela preferiu ficar
sozinha,
ou já tem um outro
bem.
Se ela me deixou a
dor é minha,
a dor é de quem tem.
É o meu troféu, é o
que restou,
é o que me aquece sem
me dar calor.
Se eu não tenho meu
amor,
eu tenho a minha dor.
A sala, o quarto, a casa
está vazia,
a cozinha, o
corredor.
Se nos meus braços
ela não se aninha,
a dor é minha.
(Música em parceria com Marisa Monte,
gravada por ela no CD
“Cor de Rosa e Carvão”, de 1994)
Marisa Monte
(“De mais ninguém”)
Referências:
ANTUNES, Arnaldo. De mais ninguém. In:
__________. Como é que chama o nome
disso. São Paulo, SP: Publifolha, 2006. p. 249.
TEIXEIRA, Leila. Arnaldo Antunes. In: MASINA,
Léa; BARBERENA, Ricardo; CARNEIRO, Vinícius (Organização e edição). Guia de leitura: 100 poetas que você
precisa ler. 1.ed. Porto Alegre, RS: L&PM, 2015. p. 33-35.
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