Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Li Bai - Separados e distantes

Selecionei para a postagem de hoje um poema de Li Bai, extraído de obra em referência, publicada pelo Instituto Cultural de Macau, no qual o poeta chinês lamenta a separação de sua amada, que já perdura meia dezena de anos.

Li Bai, também conhecido por Li Po ou Li Bo, espera ansioso pelo regresso de sua companheira, e enquanto isso, emprega graciosas metáforas para representar o seu estado de tristeza, que o leva à prostração, como uma flor imóvel sobre o musgo verde.

J.A.R. – H.C.

Li Bai
(701 d.C -762 d.C)

Separados e distantes

Há quantas Primaveras estamos separados?
Da janela de jade vi, cinco vezes,
desabrochar as cerejeiras,
Eu sei, há as cartas de escrita rendilhada
que, ao abrir, te fazem suspirar,
teu coração quase para de bater, quanta saudade!
Já não uso o toucado de nuvens,
não penteio meus cabelos,
não mais os deixo cair sobre a testa.
Minha tristeza é uma pena levada pelo vento,
um floco de neve rodopiando no ar.
O ano passado escrevi-te para a montanha dos Sete Socalcos,
falei de tudo isto
e agora, por favor, escuta outra vez minhas palavras.
Oh, vento leste, sopra para mim,
empurra para oeste a nuvem suspensa no ar!
Há quanto tempo aguardo o teu regresso!...
A flor caída continua imóvel,
quieta sobre o musgo verde.

Natureza-morta com rosas
e musgo numa cesta
(Paul Gauguin: pintor francês)

Elucidário:

Socalco: porção plana de terreno em uma encosta, plataforma, degrau.

Referência:

BAI, Li. Separados e distantes. In: __________. Poemas de Li Bai. Tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu. Macau (MO): Instituto Cultural de Macau, 1990. p. 228. (Coleção ‘Clássicos Chineses’; n. 1)

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