Selecionei para a postagem de hoje um poema de Li Bai, extraído de obra em
referência, publicada pelo Instituto Cultural de Macau, no qual o poeta chinês lamenta
a separação de sua amada, que já perdura meia dezena de anos.
Li Bai, também conhecido por Li Po ou Li Bo, espera ansioso pelo
regresso de sua companheira, e enquanto isso, emprega graciosas metáforas para
representar o seu estado de tristeza, que o leva à prostração, como uma flor
imóvel sobre o musgo verde.
J.A.R. – H.C.
Li Bai
(701 d.C -762 d.C)
Separados e distantes
Há quantas Primaveras
estamos separados?
Da janela de jade vi,
cinco vezes,
desabrochar as
cerejeiras,
Eu sei, há as cartas
de escrita rendilhada
que, ao abrir, te
fazem suspirar,
teu coração quase para
de bater, quanta saudade!
Já não uso o toucado
de nuvens,
não penteio meus
cabelos,
não mais os deixo
cair sobre a testa.
Minha tristeza é uma
pena levada pelo vento,
um floco de neve
rodopiando no ar.
O ano passado
escrevi-te para a montanha dos Sete Socalcos,
falei de tudo isto
e agora, por favor,
escuta outra vez minhas palavras.
Oh, vento leste,
sopra para mim,
empurra para oeste a
nuvem suspensa no ar!
Há quanto tempo
aguardo o teu regresso!...
A flor caída continua
imóvel,
quieta sobre o musgo
verde.
Natureza-morta com rosas
e musgo numa cesta
(Paul Gauguin: pintor
francês)
Elucidário:
Socalco: porção plana de terreno em uma
encosta, plataforma, degrau.
Referência:
BAI, Li. Separados e distantes. In:
__________. Poemas de Li Bai.
Tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu. Macau (MO): Instituto
Cultural de Macau, 1990. p. 228. (Coleção ‘Clássicos Chineses’; n. 1)
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