Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 15 de abril de 2016

Eugenio Montejo - A poesia

Um belo poema não pode prescindir de sensibilidade, é claro! Tal é regra geral. Além disso, não necessariamente deve revelar-se repleto de figuras de linguagem, à moda clássica. Afinal, pode haver beleza suficiente em palavras enunciadas quase ao natural!

Um exemplo? Contemple-se a estética serena deste poema redigido pelo venezuelano Eugenio Montejo! Em poucas linhas ele consegue descrever o modo como a poesia assoma ao espírito do poeta, entregando-se-lhe à sua guarda e ao seu inteiro dispor...

J.A.R. – H.C.

Eugenio Montejo
(1938-2008)

La poesía

La poesía cruza la tierra sola,
apoya su voz en el dolor del mundo
y nada pide
– ni siquiera palabras.
Llega de lejos y sin hora, nunca avisa;
tiene la llave de la puerta.
Al entrar siempre se detiene a mirarnos.
Después abre su mano y nos entrega
una flor o un guijarro, algo secreto,
pero tan intenso que el corazón palpita
demasiado veloz. Y despertamos.

(De: “Adiós al siglo XX”, 1992)

Flores e Seixos

A poesia

A poesia cruza a terra sozinha,
apoia sua voz na dor do mundo
e nada pede
– nem sequer palavras.
Chega de longe e sem hora, nunca avisa;
tem a chave da porta.
Ao entrar sempre se detém a olhar-nos.
Depois abre sua mão e nos entrega
uma flor ou um seixo, algo secreto,
porém tão intenso que o coração palpita
demasiado veloz. E despertamos.

(De: “Adeus ao século XX”, 1992)

Referência:

MONTEJO, Eugenio. La poesía. In: __________. Alphabet of the world: selected works by Eugenio Montejo. A blilingual edition: spanish & english. Edited and translated by Kirk Nesset. Introduction by Wilfredo Hernández and Kirk Nesset. Norman (OK): University Oklahoma Press, 2010. p. 106. (“Chicana and Chicano Visions of the America”, v. 8)

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