Num aparente embate entre a vida virtuosa e a de conquistas, num enfoque
que muito relembra a máxima do Eclesiastes “Vaidade das vaidades, tudo é
vaidade.”, o poema “A Escolha”, do irlandês W. B. Yeats, pode assim ser examinado
à luz da opção entre duas veredas: a da vivência filosófica, espiritual, ou a do
esforço por ganhos materiais.
Pelo que se depreende das primeiras palavras do poema, Yeats confronta a
busca do conhecimento, da perfeição da alma, do idealismo, dos princípios
éticos e morais (“perfeição da vida”), ao apoio das preocupações mundanas,
pragmáticas, tangíveis (“perfeição do trabalho”). Em meio a tais pensamentos, lembrei-me
de uma outra passagem bíblica:
Mateus 6: 19,20 – Não ajunteis tesouros
na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e
roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem,
e onde os ladrões não minam nem roubam.
J.A.R. – H.C.
William B. Yeats
(1865-1939)
The Choice
The intellect of man is forced to choose
Perfection of the life, or of the work,
And if it take the second must refuse
A heavenly mansion, raging in the dark.
When all that story’s finished, what’s the news?
In luck or out the toil has left its mark:
That old perplexity an empty purse,
Or the day’s vanity, the night’s remorse.
A Escolha de Hércules
(Annibale Carracci: pintor
italiano)
A Escolha
O intelecto do homem
é forçado a escolher
A perfeição da vida,
ou do trabalho
E se escolhe a
segunda tem de recusar
Uma mansão celeste,
enfurecendo-se em segredo.
Quando tudo acabar, o
que haverá de novo?
Com sorte ou sem ela
a labuta deixou as suas marcas:
Essa velha
perplexidade é a bolsa vazia,
Ou a vaidade do dia,
o remorso da noite.
Referência:
YEATS, William B. The choice. In: ______. The collected poems of W. B. Yeats. Revised 2nd edition. Edited by
Richard J. Finneran. New York, NY: Collier Books – MacMillan Publishing Company,
1989. p. 246-247
Em português:
YEATS, William B. A escolha. Tradução de Maria de Lourdes Guimarães
e Laureano Silveira. Disponível neste
endereço. Acesso em: 7 jul. 2015.
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a ideia de que tudo e fugidio ou quase tudo nos e ancestral a reflexao que o poema promove e precisa e bela que haja imersao e havera em quem o ler esclarecimento nas escolhas e o que se espera
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