Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Odylo Costa, filho - Arte Poética

Para o jornalista e escritor maranhense Odylo Costa, a arte poética recolhe as flores raras de quem existe já em estado de plena reconciliação com a vida, com os fatos e pensamentos “idos e vividos”, como diria Machado.

 

É tal qual, se pressentindo o passamento, o corpo e a alma se preparassem previamente, abrindo mão da parte que lhes compõem enquanto visgo rançoso, auxiliando a natureza, desse modo, na recolha menos atribulada dos “caniços pensantes”.

 

J.A.R. – H.C.

 

Odylo Costa, filho

(1914-1979)

 

Arte Poética

 

Assim, amigo, desejaria eu escrever:

como um galho de árvore seca

entretanto úmido da noite.

Como quem estende a mão, esquecido de si próprio,

aos que a dor ameaça afogar em desespero,

num ímpeto de secreta fraternidade.

Despreocupado e quotidiano como a conversa

dos que não sabem que em breve vão morrer de repente.

Sem adormecer a consciência de ninguém

mas sem tirar o sono a nenhum corpo.

Modesto como quem serve à mesa

leve como quem fala com menino

natural como os bichos na floresta

teimoso como quem quebra pedra no sol.

 

Compromisso Quotidiano

(Marie-France Hétu: artista canadense)

 

Referência:

 

COSTA FILHO, Odylo. Arte poética. In: PINTO, José Nêumanne (Sel.). Os cem melhores poetas brasileiros do século. São Paulo, SP: Geração, 2001. p. 112.

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