Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 12 de julho de 2015

Giuseppe Ungaretti - Vagamundo

Giuseppe Ungaretti, um dos grandes poetas italianos, ainda é inédito nestas paragens. E uma vez que deparei com algumas traduções de seus poemas numa coletânea de Henriqueta Lisboa, aproveito, e apresento-o neste momento.

O poeta está em busca de um país inocente, uma vez que, a cada vez que se acostuma com o clima da terra em que alojado, enfraquece-se e se torna dela estrangeiro, partindo, então, de volta a épocas vívidas de seu momento inicial. Perguntamos: trata-se de um clima real ou imaginário?; seu regresso é para a sua Alexandria natal, ou um retorno aos domínios da infância?

Optamos por interpretar o poema com a segunda opção: afinal, é ou na meninice que se encontra um dos poucos países em que a inocência faz seu posto?

J.A.R. – H.C.

Giuseppe Ungaretti

(1888-1970)

 

Girovago

 

In nessuna

parte

di terra

mi posso

accasare

 

A ogni

nuovo

clima

che incontro

mi trovo

languente

che

una volta

già gli ero stato

assuefatto

 

E me ne stacco sempre

straniero

 

Nascendo

tornato da epoche troppo

vissute

 

Godere un solo

minuto di vita

iniziale

 

Cerco un paese

innocente

 

(Campo di Mailly – Maggio 1918)

 

Inocência infantil: primavera

(Donald Zolan: artista norte-americano)

 

Vagamundo

 

Em nenhuma

parte

da terra

posso

alojar-me

 

A cada

novo

clima

que se me depara

sinto-me languescer

uma vez

que

a ele já me havia estado

afeito

 

E me afasto sempre

estrangeiro

 

Nascendo

de volta a épocas demasiado

vívidas

 

Gozar um só

minuto de vida

inicial

 

Busco um país

inocente


Referência:

UNGARETTI, Giuseppe. Girovago / Vagamundo. In: LISBOA, Henriqueta. Poesia traduzida. Organização, introdução e notas de Reinaldo Marques e Maria Eneida Victor Farias. Edição bilíngue. Belo Horizonte, MG: Ed. UFMG, 2001. Em italiano: p. 250; em português: p. 251. (Inéditos & Esparsos)

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