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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Augusto Frederico Schmidt - Destino da Beleza

Augusto Schmidt, poeta carioca, também entrou no mérito da beleza e do seu destino. Sua perspectiva não deixa de ter um quê de metafísico, algo alinhado à teoria das formas ou das ideias de Platão.

Em toda a sua efemeridade, desde que presente em coisas cuja realidade se mostra finita, Schmidt sai-se muito bem ao se reportar ao que é belo – poeticamente como não poderia deixar de ser!: atribui ao Eterno o poder de manter pela eternidade as manifestações de beleza que recolhe do movimento e da matéria.

J.A.R. – H.C.

Augusto Frederico Schmidt
(1906-1965)

Destino da Beleza

Quando o tempo desfaz as formas perecíveis
Para onde vai, qual o destino da Beleza,
Qual a expressão da própria identidade?

Na hora da libertação das formas,
Qual o destino da Beleza, que as formas puras realizaram?

Qual o destino do que é eterno
Mas está consignado no efêmero,
No momento inexorável da purificação?

A Beleza não morre.
Não importa que o seu caminho
Seja visitado pela destruição, que é a própria lei,
E pelas sombras.

A Beleza não morre,
Deus recolhe as flores que o tempo desfolha;
Deus recolhe a música das fisionomias
que o tempo escurece e silencia;
Deus recolhe o que venceu as substâncias frágeis
E realizou o milagre do Espírito Impassível
no movimento e na matéria.
Deus recolhe a Beleza, como o corpo absorve a sua sombra
Na hora em que a luz realiza o seu destino de unidade e pureza.

Beleza Russa
(Alexei Alexeivich Harlamoff: pinto russo)

Referência:

SCHMIDT, Augusto Frederico. Destino da beleza. In: __________. Antologia poética. Seleção de Waldir Ribeiro do Val. Rio de Janeiro, GB: Ed. Leitura, 1962. p. 60.

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