Vamos a um belo poema de Cummings, como sempre, breve, mas muito
expressivo e lírico. Diz-nos ele que a morte não lhe parece um parêntesis, uma
experiência com um começo e um fim bem demarcados.
Se bem entendi as suas palavras, a vida seria uma sucessão de
parágrafos, logo, não tão breve – e quando finda, imagina-se que tenha alguma
continuidade em outro plano não plenamente concebível. Um amor não “infinito
enquanto dure”, mas infinito enquanto incomensurável!
J.A.R. – H.C.
E. E. Cummings
(1894-1962)
Since feeling
is first
since feeling is first
who pays any attention
to the syntax of things
will never wholly kiss you;
wholly to be a fool
while Spring is in the world
my blood approves,
and kisses are a better fate
than wisdom
lady i swear by all flowers. Don’t cry
− the best gesture of my brain is less than
your eyelids’ flutter which says
we are for each other: then
laugh, leaning back in my arms
for life’s not a paragraph
And death i think is no parenthesis
O Beijo
(Gustav Klimt: pintor
austríaco)
uma vez que o sentimento é o primeiro
uma vez que o
sentimento é o primeiro
a prestar alguma
atenção
à sintaxe das coisas
nunca virá a beijar-te
por inteiro;
em ser um completo insano
enquanto no mundo houver
Primavera
meu sangue consente
e beijos são um melhor
destino
que a sabedoria
senhora, juro por
todas as flores. Não chores
– o melhor gesto do
meu cérebro vale menos que
a vibração de tuas
pálpebras a dizer
que somos um para o
outro: então
ri, recostando-te em meus
braços
já que a vida não é
um parágrafo
E penso que a morte
não seja nenhum parêntesis
Referência:
Cummings, E. E. VII. since feeling is first. In: __________. Complete poems: 1904-1962. Revised,
corrected and expanded edition containing all the published poetry. Edited by
George J. Firmage. 7. ed. New York, NY: Liveright, 1991. p. 291.
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