Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 18 de julho de 2015

E. E. Cummings - uma vez que o sentimento é o primeiro

Vamos a um belo poema de Cummings, como sempre, breve, mas muito expressivo e lírico. Diz-nos ele que a morte não lhe parece um parêntesis, uma experiência com um começo e um fim bem demarcados.

Se bem entendi as suas palavras, a vida seria uma sucessão de parágrafos, logo, não tão breve – e quando finda, imagina-se que tenha alguma continuidade em outro plano não plenamente concebível. Um amor não “infinito enquanto dure”, mas infinito enquanto incomensurável!

J.A.R. – H.C.

E. E. Cummings
(1894-1962)

Since feeling is first

since feeling is first
who pays any attention
to the syntax of things
will never wholly kiss you;

wholly to be a fool
while Spring is in the world

my blood approves,
and kisses are a better fate
than wisdom
lady i swear by all flowers. Don’t cry
− the best gesture of my brain is less than
your eyelids’ flutter which says

we are for each other: then
laugh, leaning back in my arms
for life’s not a paragraph

And death i think is no parenthesis

O Beijo
(Gustav Klimt: pintor austríaco)

uma vez que o sentimento é o primeiro

uma vez que o sentimento é o primeiro
a prestar alguma atenção
à sintaxe das coisas
nunca virá a beijar-te por inteiro;

em ser um completo insano
enquanto no mundo houver Primavera

meu sangue consente
e beijos são um melhor destino
que a sabedoria

senhora, juro por todas as flores. Não chores
– o melhor gesto do meu cérebro vale menos que
a vibração de tuas pálpebras a dizer

que somos um para o outro: então
ri, recostando-te em meus braços
já que a vida não é um parágrafo

E penso que a morte não seja nenhum parêntesis

Referência:

Cummings, E. E. VII. since feeling is first. In: __________. Complete poems: 1904-1962. Revised, corrected and expanded edition containing all the published poetry. Edited by George J. Firmage. 7. ed. New York, NY: Liveright, 1991. p. 291.

Nenhum comentário:

Postar um comentário