Considerado por muitos como um dos grandes romances produzidos neste
início de terceiro milênio, “Austerlitz”, do alemão W. G. Sebald, é leitura ao
mesmo tempo árdua e fascinante. Ele trata, sem angústia ou sentimentalismo, a
história de Jacques Austerlitz, contada por seu amigo, o narrador dos eventos
do livro que, por inferência, bem pode ser o próprio Sebald.
Austerlitz, um historiador da arte em Londres, mais precisamente da Arquitetura, parte em busca de suas
raízes, uma vez que desconhece as circunstâncias de sua infância. Nascido em 1939, em
Praga, de pais judeus, foi mandado ainda criança, com quatro ou cinco anos, ao Reino Unido, para que pudesse ser salvo dos alemães.
O fato é que Austerlitz foi criado por pais adotivos no País de Gales, com o nome de Dafydd Elias, completando seus estudos em Oxford, após o que passou à carreira acadêmica.
Foi em suas andanças como pesquisador que ele, casualmente, se encontrou com o narrador, na Estação Central de Antuérpia, mais tarde, em Bruxelas, e, posteriormente, num passeio marítimo em Zeebrugge, oportunidades em que narrou os fatos que compõem a parte mais significativa do romance de que se trata.
O fato é que Austerlitz foi criado por pais adotivos no País de Gales, com o nome de Dafydd Elias, completando seus estudos em Oxford, após o que passou à carreira acadêmica.
Foi em suas andanças como pesquisador que ele, casualmente, se encontrou com o narrador, na Estação Central de Antuérpia, mais tarde, em Bruxelas, e, posteriormente, num passeio marítimo em Zeebrugge, oportunidades em que narrou os fatos que compõem a parte mais significativa do romance de que se trata.
Já adulto, Austerlitz volta à sua cidade natal, onde revê a sua antiga babá (Vera),
que lhe fala sobre sua mãe (Ágata), presa num campo de concentração, e sobre o seu pai (Maximilian),
desaparecido na França. Visita ainda Terezín, local onde sua mãe passou os seus derradeiros
dias e onde há um museu em memória dos mortos, que quase ninguém frequenta.
A obra mescla texto com imagens, gravuras, fotos, fazendo o livro
parecer um pequeno documentário, cuja pesquisa centra-se na própria memória dos acontecimentos. As imagens que perduram na mente do leitor são as estações de trem, paredes
e arcos decorados, capitéis de colunas, cemitérios, água e muita névoa. Daí a
sensação de hipnotismo que perpassa o livro. São particularmente belas as fotos da
Estação Central de Antuérpia e do Palácio da Justiça de Bruxelas, ambos na
Bélgica.
Uma observação final: tal como nas obras de José Saramago, o número de
parágrafos existentes no livro de Sebald pode ser contado com apenas alguns
dedos das mãos.
Nossa cotação para a obra (0-10): 8,5.
J.A.R. – H.C.
W. G. Sebald
Wertach, Alemanha:
1944
Norfolk, Reino Unido:
2001
Não me parece, disse
Austerlitz, que compreendemos as leis que governam o retorno do passado, mas
sinto cada vez mais como se o tempo não existisse em absoluto, somente diversos
espaços que se imbricam segundo uma estereometria superior, entre os quais os
vivos e os mortos podem ir de lá para cá como bem quiserem e, quanto mais penso
nisso, mas me parece que nós, que ainda vivemos, somos seres irreais aos olhos
do mortos e visíveis somente de vez em quando, em determinadas condições de luz
e atmosfera (SEBALD, 2008, p. 182).
Wertach
(Bavária - Alemanha)
Referência:
SEBALD, W. G. Austerlitz. Tradução de José Marcos Macedo. São Paulo: Companhia
das Letras, 2008.
❁
Nenhum comentário:
Postar um comentário