Alheia a toda labuta de
que nos ocupemos no quotidiano – inclusive as atividades de Ensino & Aprendizagem”
–, a natureza segue em seu ritmo orgânico, em conexão (ou não) com nossa
atividade pensante ou decisória, a exemplo da rega deliberada de plantas num
tempo de estio ou a resolução de se pôr mais uma criança no mundo, para dar
continuidade à aventura humana sobre a terra.
“O que foi, isso é o
que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada há de novo sob o
sol” (Ecl. 1:9): há um mistério no mundo que remanesce incógnito, mesmo diante
da busca frenética (“aflições de espírito”?!) para colmatar as vastas lacunas
de nosso conhecimento. Entrementes, para continuar fluindo nessa trama velada,
a “máquina do mundo” quase não precisa de você!
J.A.R. – H.C.
Maria da Glória
Barbosa
(n. 1955)
Universidade de Brasília
Apesar das aulas de
cálculo,
das análises
sintáticas,
uma mulher rega as
plantas do jardim:
que ligação
misteriosa ela tem com a vida?
Apesar das salas de
aula,
dos horários e das
teorias,
os bebês crescem nas
barrigas
(cultas ou incultas)
e explodem
irreverentes
num dia qualquer.
E apesar das
dissertações
das teses e
antíteses,
as buganvílias
insistem em florescer,
doidas de vermelho,
bem na porta da
biblioteca.
Fachada principal da
Biblioteca Central da
UnB
Referência:
BARBOSA, Maria da
Glória. Universidade de Brasília. In: VAL, Waldir Ribeiro do (Org.). Vozes
na paisagem: antologia de poetas brasileiros contemporâneos. Vol. I. Rio de
Janeiro, RJ: Edições Galo Branco, 2005. p. 77.
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