Como se estivesse
empreendendo uma busca científica pelas razões de sua própria existência, a
falante acaba por convergir a uma persecução de ordem espiritual, a um contínuo
renovar-se frente ao mar – sítio tropológico primaz de transformações e de renascimentos
–, qual um livro aberto, para se dessedentar.
Essa procura por constância,
por uma rosa que não se despetala, embala o ideal dos sonhadores, embora tudo o
que se tenha, como resposta, seja o silêncio embargante do Criador a escrever
um tomo com linhas cifradas, as quais, aos muitos que se disponham a decifrá-las,
ensejam exercícios hermenêuticos multivariados, alguns até contraditórios entre
si.
J.A.R. – H.C.
Blanca Andreu
(n. 1959)
Marina del Libro
(A José Hierro Real,
con amor)
Inquiero los porqués,
los hasta cuándo
los cómo y dónde
y esa pregunta muda
que me ahoga
y vive en el
silencio.
Y entonces tú
contestas
majestuoso
enorme gamo verde
país de agua
donde los soñadores
se dan cita.
Me hablas
grande mar
telón del cielo
y tus olas responden
como páginas
de un libro cuyo
autor lo sabe todo
como páginas, mar
y como pétalos
de una rosa que nunca
se deshoja.
En: “La tierra transparente”
(2001)
Diário dos
Descobrimentos
(Vladimir Kush:
artista russo)
Marinha do Livro
(A José Hierro Real,
com amor)
Interrogo os porquês,
os até quando
os como e onde
e essa pergunta muda
que me afoga
e vive no silêncio.
E então
respondes
majestoso
verde e enorme gamo
país de água
onde os sonhadores se
dão a conhecer.
Falas comigo
grande mar
reposteiro do céu
e tuas ondas reagem
como páginas
de um livro cujo autor
a tudo domina
como páginas, mar
e como pétalas
de uma rosa que nunca
se desfolha.
Em: “A terra
transparente” (2001)
Referência:
ANDREU, Blanca.
Marina del libro. In: BALCELLS, José María (Org.). Ilimitada voz:
antología de poetas españolas, 1940-2002. Cádiz, ES: Universidad de Cádiz
(Servicio de Publicaciones), 2003. p. 338.
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