“Esperança” é o
título literal deste poema de Schiller, uma “profissão” para os brasileiros
(rs), confiantes de que Deus tem a nacionalidade pátria e que, num certo ponto
futuro, a fé interior, prevalecendo sobre todos os contratempos, há de se
converter em conquistas e alegrias, dignas de uma vida significativa.
Como se nota,
Schiller vai mais longe, ao cogitar sobre um bem maior, associado a ideais mais
elevados, mesmo quando baixamos à sepultura, pois que o ciclo que se encerra
pela morte também seria o prenunciador de renome para quem muito se empenhou por
superar-se, lançando as sementes no solo em que outros brotos de esperança hão
de medrar.
J.A.R. – H.C.
Friedrich Schiller
(1759-1805)
Retrato de Ludovike
Simanoviz
Hoffnung
Es reden und träumen
die Menschen viel
Von bessern künftigen
Tagen;
Nach einem
glücklichen, goldenen Ziel
Sieht man sie rennen
und jagen.
Die Welt wird alt und
wird wieder jung,
Doch der Mensch hofft
immer Verbesserung.
Die Hoffnung führt
ihn ins Leben ein,
Sie umflattert den
fröhlichen Knaben,
Den Jüngling locket
ihr Zauberschein,
Sie wird mit dem
Greis nicht begraben;
Denn beschließt er im
Grabe den müden Lauf,
Noch am Grabe pflanzt
er – die Hoffnung auf.
Es ist kein leerer,
schmeichelnder Wahn,
Erzeugt im Gehirne
des Toren,
Im Herzen kündet es
laut sich an:
Zu was Besserm sind
wir geboren.
Und was die innere
Stimme spricht,
Das täuscht die
hoffende Seele nicht.
A esperança do futuro
(Estera Nanassy:
pintora romena)
Poema
Sonha e fala
constantemente
todo homem, desse
sonho ardente
que o faz lutar por
atingir
um marco de ouro em
seu porvir.
Seca e ressurge o
mundo ao derredor:
o homem aguarda
sempre um bem maior.
A esperança o
desperta para a vida.
Envolve-o na
adolescência florida,
ao moço atrai com
brilho intenso.
O próprio ancião,
nesse consenso,
ao baixar sobre seu
caminho a treva,
à sepultura uma
esperança leva.
Não é uma ilusão
fugaz
com que se ofusca o
néscio. Mas
o alto prenúncio, em
nosso peito,
de que o destino
humano é mais perfeito.
E essa voz interior,
sincera,
não ilude – jamais –
a alma que espera.
Referência:
SCHILLER, Friedrich. Hoffnung
/ Poema. Tradução de Henriqueta Lisboa. In: LISBOA, Henriqueta. Poesia
traduzida. Organização, introdução e notas de Reinaldo Marques e Maria
Eneida Victor Farias. Belo Horizonte, MG: Editora UFMG, 2001. Em alemão: p.
197; em português: p. 198. (‘Inéditos & Esparsos’)
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