Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 6 de novembro de 2023

Friedrich Schiller - Poema

“Esperança” é o título literal deste poema de Schiller, uma “profissão” para os brasileiros (rs), confiantes de que Deus tem a nacionalidade pátria e que, num certo ponto futuro, a fé interior, prevalecendo sobre todos os contratempos, há de se converter em conquistas e alegrias, dignas de uma vida significativa.

 

Como se nota, Schiller vai mais longe, ao cogitar sobre um bem maior, associado a ideais mais elevados, mesmo quando baixamos à sepultura, pois que o ciclo que se encerra pela morte também seria o prenunciador de renome para quem muito se empenhou por superar-se, lançando as sementes no solo em que outros brotos de esperança hão de medrar.

 

J.A.R. – H.C.

 

Friedrich Schiller

(1759-1805)

Retrato de Ludovike Simanoviz

 

Hoffnung

 

Es reden und träumen die Menschen viel

Von bessern künftigen Tagen;

Nach einem glücklichen, goldenen Ziel

Sieht man sie rennen und jagen.

Die Welt wird alt und wird wieder jung,

Doch der Mensch hofft immer Verbesserung.

 

Die Hoffnung führt ihn ins Leben ein,

Sie umflattert den fröhlichen Knaben,

Den Jüngling locket ihr Zauberschein,

Sie wird mit dem Greis nicht begraben;

Denn beschließt er im Grabe den müden Lauf,

Noch am Grabe pflanzt er – die Hoffnung auf.

 

Es ist kein leerer, schmeichelnder Wahn,

Erzeugt im Gehirne des Toren,

Im Herzen kündet es laut sich an:

Zu was Besserm sind wir geboren.

Und was die innere Stimme spricht,

Das täuscht die hoffende Seele nicht.

 

A esperança do futuro

(Estera Nanassy: pintora romena)

 

Poema

 

Sonha e fala constantemente

todo homem, desse sonho ardente

que o faz lutar por atingir

um marco de ouro em seu porvir.

Seca e ressurge o mundo ao derredor:

o homem aguarda sempre um bem maior.

 

A esperança o desperta para a vida.

Envolve-o na adolescência florida,

ao moço atrai com brilho intenso.

O próprio ancião, nesse consenso,

ao baixar sobre seu caminho a treva,

à sepultura uma esperança leva.

 

Não é uma ilusão fugaz

com que se ofusca o néscio. Mas

o alto prenúncio, em nosso peito,

de que o destino humano é mais perfeito.

E essa voz interior, sincera,

não ilude – jamais – a alma que espera.

 

Referência:

 

SCHILLER, Friedrich. Hoffnung / Poema. Tradução de Henriqueta Lisboa. In: LISBOA, Henriqueta. Poesia traduzida. Organização, introdução e notas de Reinaldo Marques e Maria Eneida Victor Farias. Belo Horizonte, MG: Editora UFMG, 2001. Em alemão: p. 197; em português: p. 198. (‘Inéditos & Esparsos’)

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