Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Ana Martins Marques - Epígrafe

A poetisa mineira põe em confronto duas pequenas notas que teriam sido redigidas por dois insignes autores – o mexicano Octavio Paz (1914-1998) e o belgo-americano Paul de Man (1919-1983) –, para tornar explícitas as diferenças entre o que alguém deve apreender como realidade literária – a “verdade das mentiras”, como diria o peruano Vargas Llosa (n. 1936) –, e como realidade fática, ao preço de, caso contrário, assemelhar-se a um Quixote esquizofrênico.

 

Em correlação com o tema do poema, gostaria de sugerir uma leitura seminal às pessoas de boa-fé que – por si próprias ou induzidas por terceiros – costumam empreender leituras literais do texto bíblico: trata-se da obra “O Código dos Códigos – a Bíblia e a Literatura”, do canadense Northrop Frye (1912-1991), crítico de primeira linha (e insuspeito membro ordenado ao ministério da Igreja Unida do Canadá) que nos deslinda o quanto a Bíblia conjuga mitos, tropos, lendas, crenças, convenções, metáforas, os quais, em última instância, moldaram para sempre o imaginário ocidental.

 

J.A.R. – H.C.

 

Ana Martins Marques

(n. 1977)

 

Epígrafe

 

Octavio Paz escreveu:

“A palavra pão, tocada pela palavra dia,

torna-se efetivamente um astro; e o sol,

por sua vez, torna-se alimento

luminoso”

 

Paul de Man escreveu:

“Ninguém em seu perfeito juízo ficará à espera

de que as uvas em sua videira amadureçam

sob a luminosidade

da palavra dia”

 

Chá ao final da tarde

(Gregory Frank Harris: pintor norte-americano)

 

Referência:

 

MARQUES, Ana Martins. Epígrafe. In: __________. O livro das semelhanças. São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2015. p. 17.

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