A poetisa mineira põe
em confronto duas pequenas notas que teriam sido redigidas por dois insignes
autores – o mexicano Octavio Paz (1914-1998) e o belgo-americano Paul de Man
(1919-1983) –, para tornar explícitas as diferenças entre o que alguém deve
apreender como realidade literária – a “verdade das mentiras”, como diria o
peruano Vargas Llosa (n. 1936) –, e como realidade fática, ao preço de, caso
contrário, assemelhar-se a um Quixote esquizofrênico.
Em correlação com o
tema do poema, gostaria de sugerir uma leitura seminal às pessoas de boa-fé que
– por si próprias ou induzidas por terceiros – costumam empreender leituras
literais do texto bíblico: trata-se da obra “O Código dos Códigos – a Bíblia e
a Literatura”, do canadense Northrop Frye (1912-1991), crítico de primeira
linha (e insuspeito membro ordenado ao ministério da Igreja Unida do Canadá)
que nos deslinda o quanto a Bíblia conjuga mitos, tropos, lendas, crenças, convenções,
metáforas, os quais, em última instância, moldaram para sempre o imaginário
ocidental.
J.A.R. – H.C.
Ana Martins Marques
(n. 1977)
Epígrafe
Octavio Paz escreveu:
“A palavra pão, tocada
pela palavra dia,
torna-se efetivamente
um astro; e o sol,
por sua vez, torna-se
alimento
luminoso”
Paul de Man escreveu:
“Ninguém em seu
perfeito juízo ficará à espera
de que as uvas em sua
videira amadureçam
sob a luminosidade
da palavra dia”
Chá ao final da tarde
(Gregory Frank Harris:
pintor norte-americano)
Referência:
MARQUES, Ana Martins.
Epígrafe. In: __________. O livro das semelhanças. São Paulo, SP:
Companhia das Letras, 2015. p. 17.
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