Aludindo a enredos
míticos, como os confrontos entre Aquiles e Heitor ou entre Teseu e o Minotauro,
ou mesmo históricos, a exemplo do campo de extermínio de Treblinka, na Polônia,
a poetisa e professora argentina discorre sobre a própria história da
humanidade, a manar feito uma sucessão inalterável de resgates dos mortais ao
cativeiro, mas que não logra mantê-los em estado de plena lucidez, porque há
aqueles que sempre optam por retornar ao interior da platônica caverna do ilusório
(ou mesmo se recusam a sair de lá).
Ora veja o internauta
o quanto o tema do poema se correlaciona à replicada máxima do pensador
genebrino Rousseau (1712-1778) – “O homem nasce livre e por toda parte
encontra-se a ferros.” –, ou mesmo ao escopo de obras seminais, como o “Discurso
da Servidão Voluntária”, do francês Étienne de La Boétie (1530-1563), e “O Medo
à Liberdade”, do alemão Erich Fromm (1900-1980)! Como diria Sartre (1905-1980),
estamos “condenados” à liberdade, mas parece que preferimos abrir mão da reponsabilidade
que a ela se concatena.
J.A.R. – H.C.
Nora D. de
Iungman
(n. 1948)
Inmovilidad del
Cautiverio
Toda la noche
hemos estado
habitando
una ingenuidad en luz
definitivamente
oblicua.
Allí surgió la cólera
de Aquiles
la lección de Teseo
los campos de Treblimka
o el cadáver de
Héctor
por las murallas de
Troya.
Toda la noche
hemos estado
cubriendo
como un agua sutil
la libertad rescatada
del sueño.
Y aquí todavía los
templos
acunan el canto
de los dioses.
Quizás nadie llore
la rectitud de los
ojos
permitidos en piedra.
Pero hay un oído
incierto
de voces
que percibe desde
lejos
desde entonces
desde siempre
la inmovilidad
del cautiverio.
Escavações em
Hissarlik
(William Simpson:
artista escocês)
Imobilidade do
Cativeiro
Toda a noite
temos habitado
uma ingenuidade em
luz
definitivamente oblíqua.
Ali surgiu a cólera
de Aquiles
a lição de Teseu
os campos de
Treblinka
ou o cadáver de Heitor
junto às muralhas de
Troia.
Toda a noite
temos coberto
como uma água sutil
a liberdade resgatada
ao sono.
E aqui ainda os
templos
embalam o canto
dos deuses.
Talvez ninguém chore
a retidão dos olhos
permitidos em pedra.
Porém há um ouvido
incerto
de vozes
que percebe de longe
desde então
desde sempre
a imobilidade
do cativeiro.
Referência:
IUNGMAN, Nora Didier
de. Inmovilidad del cautiverio. In: ABALO, Edgardo A. et alii. Luz
inagotable: antología S.A.D.E. (Sociedad Argentina de Escritores). Santa
Fe, AR: Imprenta de la Universidad Nacional del Litoral, oct. 1997. p. 95.
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