Em conexão com a série
de xilogravuras intituladas “Les Petits Baigneuses” (“As Pequenas Banhistas”), do
artista suíço Félix Vallotton (1865-1925), os dísticos de Azevedo, s.m.j.,
revelam inferências que se processam bem mais na mente do poeta do que
propriamente nas gravuras, sendo estas, como imagino ser, as estampas mais
abaixo apresentadas numa sequência.
Afinal, a menos que
outro seja o painel de Vallotton pelo qual se orientou o autor carioca, dificilmente
se poderiam depreender imagens como “alamedas de stanhopeas” – um gênero de orquídeas
– de despojadas figuras em preto e branco, com limitado grau de detalhamento.
Daí, como se disse, o amplo recurso do poeta a seus talentos imaginativos para
colimar, em forma de linguagem, as entrelinhas que os sóbrios traços do artista
relegaram à margem.
J.A.R. – H.C.
Carlito Azevedo
(n. 1961)
Las Pequeñas Bañistas
Para Carlos Alves de Oliveira
As da série
de Félix Vallotton:
parecem nascer dos
mesmos
círculos exatos que,
à altura
sagarana das coxas,
desenham, céleres,
sobre a água. Seja
pela ação da luz, que
fraqueja, ou, mais
além, pelo contraponto
negro de uma alameda
de stanhopeas,
dir-se-iam pequenas
camponesas em
plena colheita, se
esta pudesse
armar-se no ar, sobre
as ondas,
e entanto, tais como
aqui se
desvelam, seus corpos
de
ágata acebolada, fazem
parte dessa religião
chamada maresia.
(Félix Vallotton:
pintor e gravurista suíço)
Referência:
AZEVEDO, Carlito. Las
pequeñas bañistas. In: __________. As banhistas. Rio de Janeiro, RJ:
Imago, 1993. p. 52. (Série ‘Poesia’; Direção de Jayme Salomão)
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