Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Olav H. Hauge - Concha

Quer a casa a que se refere o poeta norueguês, nestas linhas, defina-se em seu sentido denotativo – uma construção física onde se abrigar –, quer conotativo – um espaço íntimo não explicitamente tangível, embora sensorial, ou mesmo o corpo físico –, o fato é que o eixo do poema se prende à alma e a um indubitável sentimento de solidão.

O “caracol” é o lugar ao qual você se recolhe quando o mundo se lhe parece suficientemente áspero, permitindo-lhe restaurar o equilíbrio mental e, por que não, orgânico. E quando você já aqui não estiver, essa casa – refúgio de paredes e teto ou, quem sabe, um túmulo – evocará o “esplendor de sua alma” junto aos pares, ainda que só um mar de solidão venha a ressoar lá dentro.

J.A.R. – H.C.

 

Olav H. Hauge

(1908-1994)

 

Konkylie

 

Du byggjer di sjel hus.

Og du skrid stolt

i stjerneljoset

med huset på ryggen

liksom snigelen.

Ottast du fåre,

kryp du inn i huset

og er trygg

bak hardt

skal.

 

Og når du ikkje er meir,

skal huset

stå att

og vitna

um di sjels venleik.

Og di einsemds hav

skal susa

der.

 

A casa do caracol

(Divya George: ilustradora inglesa)

 

Concha

 

Você constrói uma casa para a alma.

Então desliza orgulhoso

sob a luz das estrelas

tendo a casa nas costas

como o caracol.

Ao pressentir o perigo,

esconde-se em casa,

a salvo

por trás da

concha.

 

E quando você não estiver mais aqui,

a casa

vai dar

testemunho

do esplendor de sua alma.

E um mar de solidão

vai soar

lá dentro.


Referência:

HAUGE, Olav H. Hauge / Concha. Tradução de Guilherme da Silva Braga. In: Universidade de São Paulo / Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH/USP). Cadernos de literatura em tradução, São Paulo, n. 22, 2020. Em norueguês e em português: p. 69. Disponível neste endereço. Acesso em: 10 set. 2021.

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