Neste que é, com todos os méritos, o mais afamado poema da poetisa norte-americana, tem-se um lídimo panegírico a todos os negros que sofreram as agruras da escravidão em séculos recentes da História e que, ainda hoje, são a relevante maioria dos que se encontram à margem da sociedade, oprimidos pela pobreza e pela falta de oportunidades – lá nos EUA e, tanto mais, por estas plagas.
Angelou resgata a fibra e a perseverança de seus antepassados, que lhe legaram um poder para remover a poeira do solo – onde atirada pelos ofensores – e levantar-se para mais uma tentativa de se estabelecer na vida: um ímpeto de vontade e de afirmação a superar quaisquer vilipêndios que se lhe dirijam, um orgulho de ser como é – uma mulher negra que bem conhece a sua força interior!
J.A.R. – H.C.
Maya Angelou
(1928-2014)
Still I Rise
You may write me down in history
With your bitter, twisted lies,
You may trod me in the very dirt
But still, like dust, I’ll rise.
Does my sassiness upset you?
Why are you beset with gloom?
‘Cause I walk like I’ve got oil wells
Pumping in my living room.
Just like moons and like suns,
With the certainty of tides,
Just like hopes springing high,
Still I’ll rise.
Did you want to see me broken?
Bowed head and lowered eyes?
Shoulders falling down like teardrops,
Weakened by my soulful cries?
Does my haughtiness offend you?
Don’t you take it awful hard
‘Cause I laugh like I’ve got gold mines
Diggin’ in my own backyard.
You may shoot me with your words,
You may cut me with your eyes,
You may kill me with your hatefulness,
But still, like air, I’ll rise.
Does my sexiness upset you?
Does it come as a surprise
That I dance like I’ve got diamonds
At the meeting of my thighs?
Out of the huts of history’s shame
I rise
Up from a past that’s rooted in pain
I rise
I’m a black ocean, leaping and wide,
Welling and swelling I bear in the tide.
Leaving behind nights of terror and fear
I rise
Into a daybreak that’s wondrously clear
I rise
Bringing the gifts that my ancestors gave,
I am the dream and the hope of the slave.
I rise
I rise
I rise.
A Caminhada
(Charles H. Alston: pintor afro-americano)
Ainda Assim Eu me Levanto
Podes me registrar na história
Com tuas amargas e retorcidas mentiras,
Podes me pisotear em genuína chafurda,
Mas ainda assim, como poeira, hei de me levantar.
Perturba-te meu atrevimento?
Por que estás assediado pelo desalento?
Porque caminho se tivesse poços de petróleo
A bombear em minha sala de estar!
Assim como luas e sóis,
Como a certeza das marés,
Assim como esperanças que altas se erguem,
Ainda assim hei de me levantar.
Querias me ver quebrada?
Cabeça arqueada e olhos abaixados?
Os ombros caindo como gotas de lágrimas,
Debilitada por meus prantos d’alma?
Ofende-te minha altivez?
Não leves isso muito a sério,
Porque rio como se tivesse minas de ouro
Em cavas no meu próprio quintal!
Podes me alvejar com tuas palavras,
Podes me cortar com teus olhos,
Podes me matar com tua hostilidade,
Mas ainda assim, como o ar, hei de me levantar.
Incomoda-te minha sensualidade?
Será uma surpresa
Que eu dance como se tivesse diamantes
No encontro de minhas coxas?
Das choças de vergonha da história
Eu me levanto,
De um passado que tem suas raízes na dor
Eu me levanto,
Sou um oceano negro, que salta e se alarga,
A manar e a se enfunar, eu singro pelas marés.
Deixando para trás noites de terror e medo
Eu me levanto,
Num amanhecer maravilhosamente claro
Eu me levanto,
Trazendo os presentes legados por meus ancestrais:
Sou o sonho e a esperança do escravo.
Eu me levanto,
Eu me levanto,
Eu me levanto.
Referência:
ANGELOU, Maya. Still I rise. In:
__________. The complete collected poems of Maya Angelou. New York, NY:
Random House, 1994. p. 163-164.
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