Norman MacCaig, poeta e professor escocês, presta homenagem ao seu compatriota, Hugh MacDiarmid – pseudônimo de Christopher Murray Grieve –, figura política, ensaísta e também poeta, por meio desta elegia, enfatizando-lhe a evocação provocativa em busca de uma Escócia autodeterminada e digna de seus antepassados, a cavaleiro de seu próprio destino.
Vê-se MacDiarmid como um patrício inconformista, um implacável agitador dotado de um pensamento com potencial para desvelar o que se esconde por trás da deferência britânica. E para manter viva essa heterodoxia contestatária no coração do povo escocês, teria o governo daquele país decretado que se observassem dois minutos de “pandemônio” a cada passagem da data de seu nascimento.
J.A.R. – H.C.
Norman MacCaig
(1910-1996)
After His Death
for Hugh MacDiarmid
It turned out
that the bombs he had thrown
raised buildings:
that the acid he had sprayed
had painfully opened
the eyes of the blind.
Fishermen hauled
prizewinning fish
from the water he had polluted.
We sat with astonishment
enjoying the shade
of the vicious words he had planted.
The government decreed that
on the anniversary of his birth
the people should observe
two minutes pandemonium.
Hugh MacDiarmid
(1892-1978)
Depois de Sua Morte
para Hugh MacDiarmid
Resultou
que as bombas por ele lançadas
ergueram edifícios:
que o ácido que pulverizou
abriu dolorosamente
os olhos dos cegos.
Pescadores içaram
peixes premiados
das águas que havia contaminado.
Sentamo-nos espantados
a desfrutar da sombra
das palavras viciosas que havia plantado.
O governo decretou que,
no aniversário de seu nascimento,
o povo deveria observar
dois minutos de pandemônio.
Referência:
MACCAIG, Norman. After his death. In: HEANEY,
Seamus; HUGHES, Ted (Eds.). The rattle bag. 1st publ. London, EN: Faber
and Faber, 1982. p. 22.
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