Neste poema de Hooper, breve embora muito significativo, acomoda-se o sentido de devotamento aos outros, pelos bons “frutos” que lhes são oferecidos, enquanto expressão de um sentimento de amor e de partilha: se são, literalmente, frutos ou o aconselhamento para uma regra de bem viver, bravo, como também o é qualquer ação vocacionada a construir um mundo melhor para todos.
Sob a metáfora do “deserto”, a poetisa, s.m.j., emite o seu alerta para os danos que o egoísmo, o individualismo, a imodéstia ou a soberba provocam sobre os que se julgam autossuficientes até as últimas instâncias: somente as suas próprias carências são levadas em conta, não havendo qualquer troca com os que lhe estão próximos, quer material quer espiritual, quer, ainda, em qualquer outro plano da existência.
J.A.R. – H.C.
Patricia Hooper
(n. 1941)
Desert
Where there’s a river
that tostes of direction.
Where there’s an orchard,
that says survival.
Where there’s a desert,
that changes everything,
as if earth hadn’t wanted
to fill only her own need.
Vegetação no deserto do Arizona
(Marianne North: naturalista e artista inglesa)
Deserto
Onde existe um rio,
aí se tem um sabor de direção.
Onde existe um pomar,
isto diz – sobrevida.
Onde existe um deserto,
isto muda tudo,
como se a terra não tivesse desejado
suprir apenas suas próprias carências.
Referência:
HOOPER, Patricia. Desert / Deserto.
Tradução de Jorge Wanderley. In: WANDERLEY, Jorge (Seleção, tradução e notas). Antologia
da nova poesia norte-americana. Edição bilíngue. Rio de Janeiro, RJ:
Civilização Brasileira, 1992. Em inglês: p. 284; em português: p. 285.
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