A voz lírica, ao aproximar-se do Portão de César, encontra-se com o
Espírito do Imperador a circular pelos quadrantes de sua cela, enraivecido
ainda, como uma fera, em razão dos prováveis fatos e circunstâncias em que
esteve implicado em vida, à altura em que o Império abarcava terras e povos com
idiomas e costumes os mais distintos de Roma.
César (100 a.C. - 44 a.C.), assim em espectro, provoca o ente lírico a
buscar o real significado de sua ira, ira essa tão intensa que lhe tira o sono
por completo, perguntando-lhe se ainda seria capaz de retornar àquele lugar,
depois de um empreendimento a leste, denominadamente em terras asiáticas, lá
onde Alexandre (356 a.C. - 323 a.C.), trilhando por vastidões e desertos,
chegando à Índia, veio a encontrar termo às suas pretensões expansionistas.
J.A.R. – H.C.
Robert Duncan
(1919-1988)
The Second Night in
the Week
Now I have come to
Caesar’s Gate.
And the Spirit there,
tired and raging,
who walks like a
beast walks
the circumference of
his cage, said:
Think upon the
meaning of my rage.
By Whom do you swear
that you return to
this place?
I have come to the
Gate
tired, tired as Asia,
and as rage-full,
awake
as if there will now
be no sleep.
Sleep being a secret
in this place.
O Alexander! O
Conqueror of the Wastes!
As Ruínas do Fórum de Roma
(David Roberts: pintor
escocês)
A Segunda Noite na
Semana
Cheguei agora ao Portão
de César.
E ali o Espírito,
cansado e colérico,
a caminhar como uma
fera
pela circunferência
de sua cela, diz-me:
Reflete sobre o
significado de minha raiva.
Por Quem me afianças
que
retornarás a este
lugar?
Cheguei ao Portão
cansado, cansado como
a Ásia,
e pela raiva tomado
por completo, desperto
como se agora não
houvesse mais sono.
O sonho é um segredo
neste lugar.
Ó Alexandre! Ó
Conquistador dos
Páramos!
Referência:
DUNCAN, Robert. The second night in the
week. In: __________. Selected poems. San Francisco, CA: City Lights
Books, 1959. p. 79. (‘The Pocket Poets Series’; n. 10)
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