Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 20 de outubro de 2020

Eduardo Carranza - Imagem

Um poeta colombiano presta homenagem a outro poeta colombiano − Antonio Llanos (1905-1978) – que, com ele e Jorge Rojas (1911-1995), fundaram o movimento “Pedra e Céu” − a evocar a obra homônima de Juan Ramón Jiménez (1919) −, objetivando dar novos rumos à poesia de seu país, de modo a superar a vertente parnasiana, então prevalecente.

Llanos, que chegou a atuar como cônsul da Colômbia, reflete em seus poemas, eivados de um encanto apaixonado mesclado a imagens da natureza, o estado de sofrimento e loucura por que passou em vida: Carranza busca retratar essa aventura, repassando, ademais, a influência decisiva de sua mãe, desde a mais tenra idade, a quem Llanos, aliás, dedicou o poema “Oh Madre”.

J.A.R. – H.C.

Eduardo Carranza
(1913-1985)

Imagen

Antonio, así te veo en el recuerdo
para siempre jamás: el labio trémulo
del que ha cantado mucho;
las manos y los ojos.
Donde la carne se parece al alma.
EI rostro que se enciende cuando cantas
como una lámpara en el agua pura.
El silencio estrellado en donde crece
un musgo distraído de nostalgía.
El silencio escarchado por la sal
nocturna de las lágrimas.
Los ojos, otra vez, en donde veo
navegaciones, puertos y caminos,
sueños, desvelos, calles y periódicos,
muertes, libros, ausencias, lluvia, el tiempo,
música, amigos, Cali, ríos, nubes
y el rostro de tu madre entre las flores.

En: “Los dias que ahora son sueños” (1943-1946)

Gotejos da Mente: Canário da Mente
(Phillip Allen: pintor inglês)

Imagem (*)

Antonio, assim te vejo na recordação
para sempre jamais: o lábio trêmulo
de quem cantou muito;
as mãos e os olhos.
Onde a carne se parece à alma.
0 rosto que se acende quando cantas
como uma lâmpada na água pura.
O silêncio estrelado onde cresce
um musgo distraído de nostalgia.
0 silêncio cristalizado pelo sal
noturno das lágrimas.
Os olhos, outra vez, onde vejo
navegações, portos e caminhos,
sonhos, desvelos, ruas e jornais,
mortes, livros, ausências, chuva, o tempo,
música, amigos, Cali, rios, nuvens
e o rosto de tua mãe entre as flores.

Em: “Os dias que agora são sonhos” (1943-1946)

Nota:

(*) Poema em homenagem ao poeta colombiano Antonio Llanos (1905-1978).

Referência:

CARRANZA, Eduardo. Imagen / Imagem. Tradução de Mara de la Rocha. In: __________. Antologia poética. Seleção e tradução de Mara de la Rocha. Prefácio de Ramiro Carranza. Brasília, DF: Fundação Cultural Nossa América, 1987. Em espanhol: p. 70; em português: p. 71.

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