Qual o sentido, o significado da
existência? Para o poeta australiano, trata-se de uma questão facilmente apreendida
por tudo quanto existe na natureza: “árvores, planetas, rios, tempo”. Até mesmo
o nosso corpo seria capaz de capturar a sua essência – não fosse a mente humana
a lhe retirar a dignidade de ser autônomo.
É como se Murray estivesse meditando
sob a inspiração do taoísmo, cujas premissas concebem as palavras como inadequadas
para se experimentar um estado de equilíbrio com a natureza, haja vista que muito
se prestam a rotular o que a mente discrimina. Mas por que essa dualidade
conflitante, se as múltiplas manifestações dos opostos não subsistem perante a
realidade única do Tao?! Eis que estamos diante de uma justificativa para o
exercício voltado a silenciar a mente!
J.A.R. – H.C.
Les Murray
(1938-2019)
The Meaning of
Existence
Everything except
language
knows the meaning of
existence.
Trees, planets,
rivers, time
know nothing else. They
express it
moment by moment as
the universe.
Even this fool of a
body
lives it in part, and
would
have full dignity
within it
but for the ignorant
freedom
of my talking mind.
A Flauta de Pã
(Pablo Picasso:
pintor espanhol)
O Sentido da
Existência
Tudo, exceto a
linguagem,
apreende o sentido da
existência.
Árvores, planetas,
rios, tempo
nada mais conhecem. Expressam-no,
momento a momento,
como o universo.
Mesmo este tolo de um
corpo
vive-o em parte e, em
seu cerne,
teria plena
dignidade,
não fosse pela
ignorante liberdade
de minha mente
falante.
Referência:
MURRAY, Les. The meaning of existence.
In: __________. Poems the size of photographs. New York, NY: Farrar,
Straus and Giroux, 2002. p. 104.
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