Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

sábado, 3 de outubro de 2020

Chase Twichell - Linguagens Animais

A poetisa pretende interpretar, por meio de uma linguagem que não seria exatamente um idioma redutível à escrita, o diálogo existente entre os animais, racionais como o homem e muitos outros que deixam suas pegadas sobre a neve, quer, por exemplo, como resultado de uma perseguição numa caçada, quer ainda pela presença de cães ou outros animais domésticos que lhe façam companhia.

Aliás, interpretar o que significam as pegadas deixadas por humanos e animais, ao longo do tempo, é um recurso muito frequentemente empregado por aqueles que se dedicam à história da presença humana sobre a Terra, como antropólogos e arqueólogos: a poetisa aspira a entrar nesse rol privilegiado de intérpretes, deixando, ademais, as suas próprias pegadas sobre o alvo terreno.

J.A.R. – H.C.

Chase Twichell
(n. 1950)

Animal Languages

In snow, all tracks
− animal and human −
speak to one another,

a long conversation that keeps breaking off
then starting up again.

I want to read those pages
instead of the kind
made of human words.

I want to write in the language of those
who have been to that place before me.

Richard Gallo e seu cão em Petit Gennevilliers
(Gustave Caillebotte: pintor francês)

Linguagens Animais

Na neve, todos os rastros
− animais e humanos –
dialogam um com o outro,

uma longa conversa que se interrompe
e logo se reinicia.

Quero ler tais páginas,
em vez do padrão
impresso com palavras humanas.

Quero escrever na linguagem daqueles
que lá estiveram antes de mim.

Referência:

TWICHELL, Chase. Animal languages. In: ASTLEY, Neil (Ed.). Staying alive: real poems for unreal times. 1st. ed. New York, NY: Miramax Books, 2003. p. 446.

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