A poetisa pretende interpretar, por
meio de uma linguagem que não seria exatamente um idioma redutível à escrita, o
diálogo existente entre os animais, racionais como o homem e muitos outros que deixam
suas pegadas sobre a neve, quer, por exemplo, como resultado de uma perseguição
numa caçada, quer ainda pela presença de cães ou outros animais domésticos que
lhe façam companhia.
Aliás, interpretar o que significam as
pegadas deixadas por humanos e animais, ao longo do tempo, é um recurso muito
frequentemente empregado por aqueles que se dedicam à história da presença
humana sobre a Terra, como antropólogos e arqueólogos: a poetisa aspira a
entrar nesse rol privilegiado de intérpretes, deixando, ademais, as suas
próprias pegadas sobre o alvo terreno.
J.A.R. – H.C.
Chase Twichell
(n. 1950)
Animal Languages
In snow, all tracks
− animal and human −
speak to one another,
a long conversation
that keeps breaking off
then starting up
again.
I want to read those
pages
instead of the kind
made of human words.
I want to write in
the language of those
who have been to that
place before me.
Richard Gallo e seu
cão em Petit Gennevilliers
(Gustave Caillebotte:
pintor francês)
Linguagens Animais
Na neve, todos os
rastros
− animais e humanos –
dialogam um com o
outro,
uma longa conversa
que se interrompe
e logo se reinicia.
Quero ler tais
páginas,
em vez do padrão
impresso com palavras
humanas.
Quero escrever na linguagem daqueles
que lá estiveram
antes de mim.
Referência:
TWICHELL, Chase. Animal languages. In:
ASTLEY, Neil (Ed.). Staying alive: real poems for unreal times. 1st. ed.
New York, NY: Miramax Books, 2003. p. 446.
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