Quando se lê o excerto abaixo da lendária obra em referência, reconhece-se talvez a origem do que deva ter inspirado o norte-americano Ralph W. Emerson (1803-1882) em seu poema “Brahma”, aqui postado: nessa concepção de aparente tradição vedanta, firma-se um expresso monismo da realidade, do que se deduz que qualquer manifestação de multiplicidade seria, em última instância, a ela redutível.
Com efeito, não haveria distinção entre a essência da natureza e a do espírito, e o Uno Essencial equivaleria à mais sublime alegria: atingir-se-ia a autorrealização quando se reconhecesse o próprio ser como um ente cósmico, já então absolutamente senhor do passado, do agora e do futuro, presente em toda parte, como se hospedado estivesse numa cidade inabalável e eterna.
J.A.R. – H.C.
Unidade
(Ivan Stoyanov: artista búlgaro)
The One Essential
As the one air, entering into this world,
Becomes the form of what it houses in,
The one Essential, housed in all things born,
Also takes that thing’s external form.
As the one sun, the single eye of all,
Is not darkened by flaws in things it sees,
The one Essential, housed in all things born,
And past all grief, is not darkened by grief.
The only Lord, housed in all things born,
He who makes from one a swarm of shapes,
The wise who see Him in themselves, His self:
Their joy is joy that lasts, no other joy.
It is this, the Absolute Joy, they think, and can’t
be said,
How is it otherwise known, if it shines or does not
shine?
In Him no sun, no moon, not one star,
No lighting, how much less these common fires.
But when He blazes up, then all must show;
Then everything flares up immense with Him.
II.2.10-15
(Translated from Sanskrit to English by
V. N. Misra, L. Nathan and S. Vatsyayan)
A Força na Unidade
(Jiten Hazarika: artista indiano)
O Uno Essencial
Como o único ar que, adentrando este mundo,
Se converte na forma daquilo que o alberga,
O Uno Essencial, abrigado em tudo quanto nasce,
Também adota a forma externa dessas coisas.
Como o único sol, o olho singular por cima de tudo,
Que não se obscurece por falhas nas coisas que
divisa,
O Uno Essencial, a abrigar-se em todas as coisas
nascidas,
E mais além de toda dor, não se obscurece por essa
dor.
O único Senhor, abrigado em tudo quanto nasce,
Aquele que do uno cria uma profusão de formas,
Os sábios vislumbram o Seu ser dentro de si mesmos:
Sua alegria é aquela que perdura, não outra
alegria.
É isso, a Alegria Absoluta, deduzem, e não há por
que dizer:
“Como se saberia de outro modo, se brilha ou se não
brilha?”
Não há sol, nem lua, tampouco uma estrela em Sua
Essência,
Nem alumbramento, quanto menos esses fogos comuns.
Mas quando Ele resplandece, então tudo deve se
manifestar;
Então tudo passa a esplender imensamente com Ele.
II.2.10-15
Referência:
KATHA UPANISHAD. The one essential. Translated from Sanskrit to English by V. N. Misra, L. Nathan and S. Vatsyayan. In: HAKSAR, A. N. D. (Comp.). A treasury of sanskrit poetry: in english translation. Indian Council for Cultural Relations. First Published in India in 2002. New Delhi, IN: Shipra Publications, 2004. p. 18-19.
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