A esperança apenas se multiplicará se for distribuída para além dos
grupos de que tomamos parte, e, ainda que você, dela, só tenha um pequeno grão,
poderá reparti-lo com alguém e, assim, fazer avançar esse necessário estado de
espírito, capaz de sobrepor mundos ao mundo.
Caso você teime em manter o seu grão de esperança íntegro, diz-nos
Levertov, muito provavelmente verá que ele minguará em pouco tempo. Mas esse
grão, parte genuína da graça, se dividido, crescerá em beleza, inundando de possibilidades o
espaço humano – como num jardim em um quadro de Van Gogh.
J.A.R. – H.C.
Denise Levertov
(1923-1997)
For the New Year, 1981
I have a small grain
of hope –
one small crystal
that gleams
clear colors out of
transparency.
I need more.
I break off a
fragment
to send you.
Please take
this grain of a grain
of hope
so that mine won’t
shrink.
Please share your
fragment
so that yours will
grow.
Only so, by division,
will hope increase,
like a clump of
irises, which will cease to flower
unless you distribute
the clustered roots,
unlikely source –
clumsy and
earth-covered –
of grace.
A Cabra
(Mikalojus K.
Čiurlionis: pintor lituano)
Para o Ano Novo, 1981
Tenho um pequeno grão
de esperança –
um pequeno cristal
que brilha
em cores claras por
efeito da transparência.
Preciso de mais.
Destaco um fragmento
para te enviar.
Por favor, toma
este grão de um grão de esperança
para que a minha não
se reduza.
Compartilha o teu
fragmento
para que a tua
cresça.
Só assim, por
divisão,
a esperança
aumentará,
como um punhado de lírios
que deixará de florescer,
a menos que
distribuas
as raízes agrupadas, fonte
implausível –
singela e coberta de
terra –
da graça.
Referência:
LEVERTOV, Denise. The acolyte. In:
__________. Poems: 1972-1982. New
York, NY: New Directions, 2001. p. 257.
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