Um poema em cinco quadras, redondo com as suas rimas alternadas, contando
de forma bem convencional o enredo bíblico do nascimento de Cristo – muito ao
feitio de quem não poderia fazê-lo de outro modo, pois se trata de um autor que
pertenceu aos quadros da Igreja.
Aliás, quase toda a sua poesia, recolhida à obra em referência,
mostra-se voltada a propósitos religiosos, ele que pertenceu à Ordem dos
Carmelitas, em Salvador (BA), ainda que tenha nascido em Palmeira dos Índios,
no Estado de Alagoas, onde veio a falecer em Maceió.
J.A.R. – H.C.
Frei Elias Medeiros Ferro
(1905-1971)
Jesus Infante
Na erma gruta da
ditosa Efrata,
Em deslumbrante profusão
de luz,
E entre acordes de
angélica sonata,
Repousa o Infante
Salvador, Jesus.
É o Verbo Eterno, o
Deus feito Menino,
Que ao mundo veio
para o libertar:
Sendo infinito, fez-se
pequenino,
Nos dando prova dum
amor sem par.
O astro novo cujo
brilho encanta
E do Presépio em torno
se irradia.
Já foi previsto em
profecia santa:
– Que de Jacó a Estrela
surgiria.
Os Santos Reis, os
Magos do Oriente,
Vendo o Luzeiro não
mais se detêm:
Seguem a estrada pressurosamente,
Em rumo à Lapa da
feliz Belém.
E cada qual trazendo
seu tesouro,
Ei-los prostrados
junto à Estrebaria,
Oferecendo incenso, mirra
e ouro
A Jesus, no regaço de
Maria.
Em: “Flores de Outono” (1956)
Maria com o Menino e Dois Anjos
(Anton Raphael Mengs:
pintor alemão)
Referência:
FERRO, Frei Elias Medeiros. Jesus
infante. In: __________. Poesias
completas. Salvador, BA: Reiprimatur, 1963. p. 43.
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