Apresento aqui uma tradução que, de fato, é uma interpretação do poema
de WCW, pois revela mais ou menos como concebo a palavra “dinheiro”, no início
da segunda estrofe. Afinal, ao se ler o poema, o leitor poderá entender,
primeiramente, (i) que as lojas são guardadas quer, gratuitamente, pela figura
do dragão, quer, onerosamente, por um hipotético vigilante, com quem se
desembolsaria dinheiro pelos serviços, ou ainda (ii) que as flores da fortuna, humildemente
oferecidas pelas lojas, é que são alienadas por dinheiro.
Como se vê, inclino-me pela segunda hipótese, pois apus vírgulas, pontos
e termos preposicionais na versão ao português, não existentes no original em
inglês, que poderiam muito bem explicitar a intenção do poeta e elidir quaisquer
dúvidas. Ou quem sabe a ambivalência não seria a sua real intenção?!
Outro ponto: não estou certo se WCW, ao grafar a palavra “Kalenchios”,
estivesse, de fato, se referindo às conhecidas flores da fortuna,
pois estas, pelo que pude apurar na grande rede, parecem não ser originárias da
Alemanha...
J.A.R. – H.C.
William Carlos Williams
(1883-1963)
Christmas 1950
The stores
guarded
by the lynx-eyed
dragon
money
humbly offer
their flowers.
Kalenchios.
Spanish?
No
they originated
in Germany.
They
bloom so
Iong!
They’re
very easy
to take care of
too.
In spring
you
can put them
out
side
and they’ll
thrive
there also.
In: “Poems: 1949-1953”
Flores da Fortuna
(Elmira Herren-Muzafarova:
pintora suíça)
Natal 1950
As lojas,
vigiadas
pelo dragão
de olhos de lince,
por dinheiro,
humildemente oferecem
suas flores.
Flores da fortuna.
Espanholas?
Não,
são originárias
da Alemanha.
Elas
florescem por tanto
tempo!
São
muito fáceis
de cuidar,
também.
Na primavera,
você
pode colocá-las
do lado
de fora
e elas
prosperarão
lá da mesma forma.
Referência:
WILLIAMS, William Carlos. Christmas 1950. In: __________. The collected poems of William Carlos Williams. Volume II: 1939-1962. Edited by Christopher MacGowan. Seventh Paperbound Printing. New York, NY: New Directions, 2001. p. 234.
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