Com um nome bem português, Eunice, oriunda de uma família católica de
Goa, ensinou por muitos anos na Universidade de Mumbai, Índia. É dela o poema
de hoje, a discorrer sobre os atos de caridade praticados por ela e,
aparentemente, seu companheiro, alimentando os pobres na época natalina, num
país onde a carência é reconhecidamente difusa.
Aliás, a situação social por que passa o Brasil, também vem acirrando,
nos últimos anos, o seu lado “indiano”, já bem distante da vertente “belga”.
Afinal, como já dissera certo economista há algumas décadas, seríamos uma “Belíndia”,
combinação de indicadores belgas com outros indianos.
J.A.R. – H.C.
Eunice de Souza
(1940-2017)
Feeding the Poor at Christmas
Every Christmas we
feed the poor.
We arrive an hour
late: Poor dears,
Like children waiting
for a treat.
Bring your plates.
Don’t move.
Don’t try turning up
for more.
No. Even if you don’t
drink
you can’t take your
share
for your husband. Say
thank you
and a rosary for us
every evening.
No. Not a towel and a
shirt,
even if they’re old.
What’s that you said?
You’re a good man,
Robert, yes,
beggars can’t be,
exactly.
São Diego de Alcalá alimentando os pobres
(Bartolomé Esteban
Murillo: pintor espanhol)
Alimentando os Pobres no Natal
Todo Natal
alimentamos os pobres.
Chegamos uma hora
atrasados: pobres queridos,
Como crianças à
espera de um presente.
Tragam seus pratos.
Não se movam.
Não tentem se
apresentar para mais.
Não. Mesmo que não
beba,
você não pode pegar a
sua parte
para o seu esposo. Diga
obrigado
e um rosário para nós
todas as noites.
Não. Não uma toalha e
uma camisa
mesmo que sejam
velhas.
O que você disse?
És um bom homem,
Robert, sim,
os mendigos não são
capazes de o ser, exatamente.
Referência:
SOUZA, Eunice de. Feeding the poor at Christmas.
In: LAZAR, Gillian. A window on
literature. Cambridge, EN: Cambridge University Press, 1999. p. 4.
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