O Natal já se foi, levando atrás de si os hóspedes, depois de dias permeados
por uma azáfama sem par – muito trabalho para poucas horas de desfrute –, e,
por fim, o ano chega aos seus derradeiros dias, quando então a poetisa pode
usufruir a paz num presumível parque devotado ao descanso e à contemplação da
natureza.
E ela sonha com um Natal que não seja exatamente a barafunda que é, mas
bem mais calmo, com a tranquilidade que veio a usufruir uma semana à frente,
sem o Papai-Noel singrando os ares sustentado por renas, mas com a visão dos
cisnes voando até o ponto de aterrissagem que lhes está destinado.
J.A.R. – H.C.
Wendy Cope
(n. 1945)
30th December
At first I’m startled
by the sound of bicycles
Above my head. And then I see them, two swans
Flying in to their
runway behind the reeds.
The bridge is
slippery, the grass so sodden
That water seeps into
my shoes. But now
The sun has come out
and everything is calm
And beautiful as the
end of a hangover.
Christmas was a
muddle
Of turkey bones and
muted quarrelling.
The visitors have
left.
Solitary walkers
smile and tell each other
That the day is
wonderful.
If only this could be
Christmas now –
These shining
meadows,
The hum of huge wings
in the sky.
Cisnes ao pôr do sol de inverno
(Ruslana Golub:
pintora ucraniana)
30 de Dezembro
A princípio,
surpreende-me o som das bicicletas
Sobre a minha cabeça.
E logo os vejo, dois cisnes
Voando até a raia
deles, por trás dos juncos.
A ponte está
resvaladiça e a grama tão encharcada
Que a água penetra em
meus sapatos. Mas agora
O sol saiu e tudo
está tranquilo
E belo como o fim de
uma ressaca.
O Natal foi uma
barafunda
de ossos de peru e contendas
em surdina.
Os visitantes se foram.
Solitários
caminhantes sorriem e dizem um ao outro
O quão maravilhoso é
o dia.
Se isso somente agora
pudesse ser o Natal –
Esses prados
brilhantes,
O zumbido de enormes
asas no céu.
Referência:
COPE, Wendy. 30th december. In:
__________. If I don’t know. London,
EN: Faber and Faber, 2001. p. 5.
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