Eis aqui não tipicamente um poema de Natal, mas um poema que expressa
muitos dos sentimentos que as pessoas costumam ter ao longo dessa época tão
luminosa: mágoas, solidão, saudades de entes queridos já falecidos, frustrações
incontidas com os planos não cumpridos durante o ano que se encerra.
Dezembro é assim, um fim tão próximo de um começo, como é o mês de Janeiro.
E é numa noite de Dezembro que a poetisa expõe-se à solidão, ouvindo as
guitarras que acompanham a alegria que a outra metade do mundo faz tanger, enquanto
põe-se a circular – real ou imaginosamente – em volta do leito, enquanto não se
vê nos braços de Morfeu.
J.A.R. – H.C.
Juana de Ibarbourou
(1892-1979)
Diciembre
(Elegía de Navidad)
Mi noche de soledad
Mientras suenan las
guitarras,
De la alegría del
mundo,
Bajo las estrellas
blancas;
Mi noche de soledad
Mal joyada y mal
vestida,
De ensueños
menesterosos
Y de esperanzas
hendidas;
¡Mi noche de soledad
Coronadita de
espinas!
¿No la viste, ronda
tuya,
Cuando ya en paz te
dormías?
Tenía la cara pálida,
Bien medida la
sonrisa,
Y por el nardo del
pecho
Un temblor le
descendía.
¡Ay, recuerdos del
espejo
Luna en el medio día!
Mi noche de soledad
¡Cómo te clamo en
silencio!
Por no oírla suspirar
No quiso arrimarse el
sueño.
¡Y hasta el alba
anduve en ronda,
Alrededor de su
lecho!
Casa georgiana de Oda
(Nino Chakvetadze:
artista georgiano)
Dezembro
(Elegia de Natal)
Minha noite de
solidão
Enquanto soam as
guitarras,
Da alegria do mundo,
Sob as estrelas
brancas;
Minha noite de
solidão,
Mal adornada e mal
vestida,
De ilusões indigentes
E de esperanças
fendidas;
Minha noite de
solidão
Pequena coroa de
espinhos!
Não a viste, ronda
tua,
Quando já em paz
dormias?
Tinha o rosto pálido,
Bem medido o sorriso,
E pelo nardo do peito
Um tremor lhe descia.
Oh, lembranças do
espelho
Lua no meio dia!
Minha noite de
solidão
Como te clamo em
silêncio!
Por não ouvi-la
suspirar
Não quis aproximar-se
o sonho.
E até o alvorecer
andei em círculos,
Referência:
IBARBOUROU, Juana de. Dezembro (Elegia de Natal). In:
__________. Poemas. Novena edición.
Buenos Aires, AR: Espasa-Calpe Argentina, 1961. p. 28-29. (Colección ‘Austral’;
n. 265)
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