Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

terça-feira, 17 de dezembro de 2019

Juana de Ibarbourou - Dezembro (Elegia de Natal)

Eis aqui não tipicamente um poema de Natal, mas um poema que expressa muitos dos sentimentos que as pessoas costumam ter ao longo dessa época tão luminosa: mágoas, solidão, saudades de entes queridos já falecidos, frustrações incontidas com os planos não cumpridos durante o ano que se encerra.

Dezembro é assim, um fim tão próximo de um começo, como é o mês de Janeiro. E é numa noite de Dezembro que a poetisa expõe-se à solidão, ouvindo as guitarras que acompanham a alegria que a outra metade do mundo faz tanger, enquanto põe-se a circular – real ou imaginosamente – em volta do leito, enquanto não se vê nos braços de Morfeu.

J.A.R. – H.C.

Juana de Ibarbourou
(1892-1979)

Diciembre
(Elegía de Navidad)

Mi noche de soledad
Mientras suenan las guitarras,
De la alegría del mundo,
Bajo las estrellas blancas;

Mi noche de soledad
Mal joyada y mal vestida,
De ensueños menesterosos
Y de esperanzas hendidas;

¡Mi noche de soledad
Coronadita de espinas!

¿No la viste, ronda tuya,
Cuando ya en paz te dormías?

Tenía la cara pálida,
Bien medida la sonrisa,
Y por el nardo del pecho
Un temblor le descendía.

¡Ay, recuerdos del espejo
Luna en el medio día!

Mi noche de soledad
¡Cómo te clamo en silencio!
Por no oírla suspirar
No quiso arrimarse el sueño.

¡Y hasta el alba anduve en ronda,
Alrededor de su lecho!

Casa georgiana de Oda
(Nino Chakvetadze: artista georgiano)

Dezembro
(Elegia de Natal)

Minha noite de solidão
Enquanto soam as guitarras,
Da alegria do mundo,
Sob as estrelas brancas;

Minha noite de solidão,
Mal adornada e mal vestida,
De ilusões indigentes
E de esperanças fendidas;

Minha noite de solidão
Pequena coroa de espinhos!

Não a viste, ronda tua,
Quando já em paz dormias?

Tinha o rosto pálido,
Bem medido o sorriso,
E pelo nardo do peito
Um tremor lhe descia.

Oh, lembranças do espelho
Lua no meio dia!

Minha noite de solidão
Como te clamo em silêncio!
Por não ouvi-la suspirar
Não quis aproximar-se o sonho.

E até o alvorecer andei em círculos,
Ao redor de seu leito!

Referência:

IBARBOUROU, Juana de. Dezembro (Elegia de Natal). In: __________. Poemas. Novena edición. Buenos Aires, AR: Espasa-Calpe Argentina, 1961. p. 28-29. (Colección ‘Austral’; n. 265)

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