Tantas promessas para o ano que começa e, no entanto, o que mais se vê é
a vida seguindo em sua rotina: no sentido humano, a mulher que passa anunciando
venda de queijo e pão, e, no material, as coisas carecendo de manutenção, a
exemplo de um casarão em estado tão precário que o menor toque poderá fazê-lo
desabar...
Assim é a vida: exceto quando haja uma revolução de caso pensado, as
mudanças ocorrem sempre lentamente – nos hábitos, nos valores, na cultura, no patrimônio
que compõe o acervo de uma dada sociedade –, quando, então, se torna
potencialmente mais capacitada para prestar sua contribuição às conquistas da
humanidade.
J.A.R. – H.C.
Luiz Carlos López
(1879-1950)
El Año Nuevo
Happy new year.
Gadeon
Todo es lo mismo:
ayer
pasó, como ahora
pasa,
Ia mujer
que vende a gritos
queso y pan. La casa
vecina, un caserón
tan ruinoso que no
resiste un tajo
ni un ligero em
pujón,
no se ha venido
abajo...
La calleja
tal cual. Y en el
agudo
triângulo de una
teja,
mudo y senil asoma el
sol. ¿Qué hacer
para ir tras el imán
del optimismo en un
amanecer
que huele a queso y
pan?
En: “Varios a varios: cuartos de hora”
Uma Rua de Liverpool
(John Atkinson
Grimshaw: pintor inglês)
O Ano Novo
Happy new year.
Gadeon
Tudo é o mesmo: ontem
passou, como agora
passa,
a mulher
que vende a gritos
queijo e pão. A casa
vizinha, um casarão
tão ruinoso que não
resiste a um golpe
nem a um leve soco,
não veio abaixo...
A viela tal e qual. E
no agudo
triângulo de uma
telha,
assoma o sol, mudo e
senil. O que fazer
para ir atrás do ímã
do otimismo num
amanhecer
que recende a queijo
e pão?
Referência:
LÓPEZ, Luz Carlos. El año nuevo. In:
__________. Obra poética. Selección,
prólogo, cronología y bibliografía por Guillermo Alberto Arévalo. Caracas, VE:
Biblioteca Ayacucho, 1994. p. 55. (“Biblioteca Ayacucho”; v. CCVII)
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