Castillo, poeta colombiano, a levar uma vida semelhante a “um romance
medíocre e trivial”, ainda que experimente a passagem do ano apreensivo e
atemorizado, espera que os próximos 365 dias lhe tragam, antes de tudo, no corpo
da mensagem presa ao punho fechado, a paz tão desejada.
Deduz-se pelo teor do 12º verso deste soneto que o temor maior do poeta
é a chegada da morte, pois o que haveria de ser a metáfora representada pela
terra na bagagem carregada pelo novo ano?! Desse modo se passa na mente das
pessoas que sofrem por antecipação: “A tristeza é assim!” (rs).
J.A.R. – H.C.
Eduardo Castillo
(1889-1938)
Año Nuevo
– Lo triste es así...
Peter Altemberg
Qué gran mensaje
incógnito me traes, Ano Nuevo?
Qué bienes o qué
males te han dado para mi?
Tu llegada me inspira
temor. Y no me atrevo
a ahondar en tu
mistério con ojo zahorí.
Un manto de ceniza
sobre los hombros llevo;
mi vida es un romance
medíocre y baladí,
y en mi jardin,
dorado por el otono, muevo
los pies sobre hojas
mustias. La tristeza es así.
Llegas a mí, Ano
Nuevo, de lo desconocido
todo de incertidumbre
y enigma revestido
y con el rostro
oculto bajo un negro antifaz.
Si no me llega un
poco de tierra en tu equipaje
y en tu cerrado puno
me traes un mensaje,
que ese mensaje sea
de paz. Dáme la paz.
En: “Los siete carrizos: prefacio
interrumpido”
Pintura não nomeada
(Zac Retz: pintor
norte-americano)
Ano Novo
– O triste é assim...
Peter Altemberg
Que grande mensagem
incógnita me trazes, Ano Novo?
Que bens ou que males
deram-te para mim?
Tua chegada
inspira-me temor. E não me atrevo
a mergulhar em teu
mistério com olho de adivinho.
Um manto de cinzas
sobre os ombros levo;
minha vida é um
romance medíocre e trivial,
e em meu jardim,
dourado no outono, movo
os pés sobre folhas
murchas. A tristeza é assim.
Chegas a mim, Ano
Novo, do desconhecido,
todo de incerteza e
de enigma revestido
e com o rosto oculto
sob uma negra máscara.
Se não me chega um
pouco de terra em tua bagagem
e em teu punho
fechado trazes-me uma mensagem,
que essa mensagem
seja de paz. Dá-me a paz.
Em: “Os sete juncos: prefácio interrompido”
Referência:
CASTILLO, Eduardo. Año nuevo. In:
__________. Obra poética. Bogotá,
CO: Imprenta Nacional, 1965. p. 140. (Edición del Ministerio de Educación)
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