Hoje, Dia de Reis, quando se encerra a temporada natalina, nada melhor
que trazer um poema típico, contando a história dos três magos que teriam
visitado Jesus em seu nascimento – Melchior, Baltasar e Gaspar –, cada qual
levando uma oferenda: ouro – presente a um rei –; incenso – a um sacerdote –; e
mirra – a um profeta.
A poetisa paulista se vê como uma pessoa que, também, veio de longe para
visitar o infante: em suas palavras, “fatigada, confundida, mas animada diante
da vida”, trazendo-lhe o incenso de uma oração, o ouro de um sincero amor e a
mirra da provação amarga.
J.A.R. – H.C.
Betina Marino
(1899-1975)
Ouro, Incenso e Mirra
“Prostrando-se, O adoraram e, abrindo
os
seus tesouros, lhe ofereceram presentes
de
ouro, incenso e mirra”.
Jesus Menino recebe
agora
uma visita original:
chegam os Magos que,
sem demora,
seguindo a estrela,
que era um fanal,
vêm reverentes,
cheios de unção,
com seus presentes
de adoração.
Entre as palhinhas,
Jesus Criança,
agradecido, deve
sorrir...
Tiveram eles tanta
confiança,
que de tão longe
quiseram vir,
humildemente
com devoção,
a crença ardente
no coração.
Também eu chego,
muito cansada
das asperezas do meu
caminho...
Venho de longe,
seguindo a estrada
que a Cruz me aponta,
cheia de espinho...
tão fatigada,
tão confundida
mas animada,
diante da Vida!
Jesus Menino, também
eu quero
trazer-te o Incenso
de uma oração,
o Ouro bendito do
amor sincero
e a Mirra amarga da
provação.
A Adoração dos Reis
(Hendrick ter Brugghen: pintor holandês)
Referência:
MARINO, Betina. Ouro, incenso e mirra.
In: DA COSTA SANTOS (Org.). Nosso Senhor
e Nossa Senhora na poesia brasileira. Segunda edição aumentada. Rio de
Janeiro: Leo Editores, 1957. p. 119-120.
Parabéns e gratidão por divulgar esse belo poema de Betina Marino. Sou de Guaratinguetá cidade natal da poeta e professora. Sua obra precisa ser mais conhecida. Um grande abraço!
ResponderExcluirPrezada Marina,
ExcluirDe fato, sou eu a agradecer pelo seu comentário e por navegar pelas páginas do blog, trazendo informações de interesse.
Um grande abraço,
João A. Rodrigues