Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

domingo, 20 de janeiro de 2019

Carlos de Oliveira - Lavoisier

A poesia, tal como a matéria, também tem a sua “Lei de Lavoisier”: nenhuma palavra se perde ou se cria no exercício de se concebê-la, ainda que, no plano da tangibilidade, a poesia não seja exatamente um elemento palpável, senão que se desprende do vernáculo empregado pelo vate.

E a mutabilidade é o que se constata nessa vasta delimitação da linguagem, sempre oleaginosa e sub-reptícia como a vida, como diria o poeta de Itabira: um cadinho onde se funde tudo quanto é matéria orgânica, para formar outros tantos elementos, quer na forma de massa caligráfica quer na de significados.

J.A.R. – H.C.

Carlos de Oliveira
(1921-1981)

Lavoisier

Na poesia,
natureza variável
das palavras,
nada se perde
ou cria,
tudo se transforma:
cada poema,
no seu perfil
incerto
e caligráfico,
já sonha
outra forma.

Em: “Sobre o lado esquerdo” (1968)

O sono da poetisa
(David Hettinger: pintor norte-americano)

Referência:

OLIVEIRA, Carlos de. Lavoisier. In: __________. Trabalho poético. Segundo volume. Lisboa, PT: Sá da Costa, [1976]. p. 23.

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