Alpes Literários

Alpes Literários

Subtítulo

UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Juan Antonio González Iglesias - Raramente a beleza é subversiva

É o olhar daquele que a contempla ou é a própria beleza que, em sua forma imanente, tem o poder de se mostrar subversiva? Tudo são valores, obviamente, e mesmo se poderia afirmar que a inteligibilidade da beleza paira naquele firmamento infinito do relativismo cultural.

Todavia a beleza – ninguém o objetaria, penso eu! – pode ser confrontadora, a exemplo da modelo representada na pintura “Olympia” (1863), do francês Édouard Manet, com aquele olhar acintoso em direção ao observador, para quem sequer há a necessidade de uma piscadela com o objetivo de convidá-lo a subir no leito, para usufruir das delícias do sexo!...

J.A.R. – H.C.

Juan Antonio González Iglesias
(n. 1964)

Rara vez la belleza es subversiva

Rara vez la belleza es subversiva.
Rara vez la hermosura
es calidad moral.
Sólo en el equilibrio
cuando ya no es belleza transmitida
y
todavía no es belleza transmisible,
cuando
es sólo mensurable con las manos
de otro. Y aun así
no siempre el brote nuevo el miembro nuevo
recibe el sorprendente regadío
de la savia rebelde.

Rara vez la hermosura
alcanza cualidad de delincuencia.
Pero cuando sucede
¿cómo no estremecerse ante el milagro
de la mirada peligrosa, el guiño
que el instinto ha enseñado, la cultura
y la naturaleza en alianza,
movidas a esplendor dentro de un cuerpo?
Fuera también del cuerpo. Sobre el mundo.
A la vez luminosa y destructiva
la hermosura del héroe
como el rayo
como viva señal de lo divino.

A Modelo
(Liubov Popova: artista russa)

Raramente a beleza é subversiva

Raramente a beleza é subversiva.
Raramente a formosura
é qualidade moral.
Somente no equilíbrio
quando já não é beleza transmitida
e
ainda não é beleza transmissível,
quando
é somente mensurável com as mãos
de outro. E ainda assim
nem sempre o broto novo o membro novo
recebe a surpreendente irrigação
da seiva rebelde.

Raramente a formosura
alcança qualidade de delinquência.
Mas quando isso acontece
como não estremecer ante o milagre
do olhar perigoso, a piscadela
ensinada pelo instinto, a cultura
e a natureza em aliança,
movidas a esplendor dentro de um corpo?
Fora também do corpo. Sobre o mundo.
A um só tempo luminosa e destrutiva
a formosura do herói
como o raio
como um vivo sinal do divino.

Referência:

IGLESIAS, Juan Antonio González. Rara vez la belleza es subversiva. In: Poesia en el campus: revista de poesía. Universidad de Zaragoza, Zaragoza (ES), n. 53, p. 14, mar. 2007.

Nenhum comentário:

Postar um comentário