Este poema de Blok reflete, em grande medida, o meu estado de espírito
neste momento: meio desesperançado com o destino deste país, meio melancólico
com a proximidade do momento de minha aposentadoria, interpretando a vida como
algo que, por melhor que se faça, não terá logrado mudar o estado desalentado
das coisas.
Agora, muito melhor do que antes – quando ainda garoto, ouvi o meu pai
ler para todos a passagem introdutória do Eclesiastes –, compreendo as prováveis
palavras de um Salomão já avançado em anos: “Porque na muita sabedoria há muito
enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor” (Ec 1:18).
J.A.R. – H.C.
Alexander Blok
(1880-1921)
Ночь, улица, фонарь, аптека
Ночь, улица, фонарь, аптека,
Бессмысленный и тусклый свет.
Живи еще хоть четверть века —
Всё будет так. Исхода нет.
Умрешь — начнешь опять сначала,
И повторится всё, как встарь:
Ночь, ледяная рябь канала,
Аптека, улица, фонарь.
“Страшный мир”
(1909-1916)
10 октября 1912
Esquina de Rua
(Leonid Afremov: pintor
israelense)
Noite. Fanal. Rua. Farmácia
Noite. Fanal. Rua.
Farmácia.
Uma luz estúpida e
baça.
Ainda que vivas outra
vida,
Tudo é igual. Não há
saída.
Morres – e tudo
recomeça,
E se repete a mesma
peça:
Noite – rugas de gelo
no canal.
Farmácia. Rua. Fanal.
Do ciclo “Dança de Morte”
10 de outubro de 1912
Referências:
Em Russo
BLOK, Alexander. Ночь, улица, фонарь, аптека. In: __________. Selected poems. Introduced and edited by Avril Pyman. 1st. ed.
Oxford, EN: Pergamon Press, 1972. p. 124.
Em Português
BLOK, Aleksandr. Noite. Fanal. Rua.
Farmácia. Tradução de Augusto de Campos. In: CAMPOS, Augusto; CAMPOS, Haroldo; SCHNAIDERMAN,
Boris (Organização e Tradução). Poesia
russa moderna. 6. ed. São Paulo, SP: Perspectiva, 2001. p. 60. (‘Signos’;
v. 33)
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