Alpes Literários

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UM PASSEIO PELOS ALPES LITERÁRIOS

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Alexander Blok - Noite. Fanal. Rua. Farmácia

Este poema de Blok reflete, em grande medida, o meu estado de espírito neste momento: meio desesperançado com o destino deste país, meio melancólico com a proximidade do momento de minha aposentadoria, interpretando a vida como algo que, por melhor que se faça, não terá logrado mudar o estado desalentado das coisas.

Agora, muito melhor do que antes – quando ainda garoto, ouvi o meu pai ler para todos a passagem introdutória do Eclesiastes –, compreendo as prováveis palavras de um Salomão já avançado em anos: “Porque na muita sabedoria há muito enfado; e o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor” (Ec 1:18).

J.A.R. – H.C.

Alexander Blok
(1880-1921)

Ночь, улица, фонарь, аптека

Ночь, улица, фонарь, аптека,
Бессмысленный и тусклый свет.
Живи еще хоть четверть века
Всё будет так. Исхода нет.

Умрешьначнешь опять сначала,
И повторится всё, как встарь:
Ночь, ледяная рябь канала,
Аптека, улица, фонарь.

“Страшный мир” (1909-1916)
10 октября 1912

Esquina de Rua
(Leonid Afremov: pintor israelense)

Noite. Fanal. Rua. Farmácia

Noite. Fanal. Rua. Farmácia.
Uma luz estúpida e baça.
Ainda que vivas outra vida,
Tudo é igual. Não há saída.

Morres – e tudo recomeça,
E se repete a mesma peça:
Noite – rugas de gelo no canal.
Farmácia. Rua. Fanal.

Do ciclo “Dança de Morte”
10 de outubro de 1912

Referências:

Em Russo

BLOK, Alexander. Ночь, улица, фонарь, аптека. In: __________. Selected poems. Introduced and edited by Avril Pyman. 1st. ed. Oxford, EN: Pergamon Press, 1972. p. 124.

Em Português

BLOK, Aleksandr. Noite. Fanal. Rua. Farmácia. Tradução de Augusto de Campos. In: CAMPOS, Augusto; CAMPOS, Haroldo; SCHNAIDERMAN, Boris (Organização e Tradução). Poesia russa moderna. 6. ed. São Paulo, SP: Perspectiva, 2001. p. 60. (‘Signos’; v. 33)

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