Mais uma tradução de tradução de Rumi – que pena não conhecer o persa,
para apreendê-lo no original! –, como seja, minha versão ao português da tradução
de Coleman Barks e parceiros, do persa ao inglês – tudo para se perceber como a
figura exponencial do sufismo conseguia, já no século XIII, conceber a
unicidade da criação, ou por outra, toda a ampla diversidade do universo
concentrada num frágil respiro primordial.
Nota-se que não há outro objetivo para a criação de tantas divisões
entre os homens – países, religiões, associações privatistas, partidos ou que
tais – que não seja para estabelecer direitos de precedência – até mesmo
perante o Eterno, imagine-se! –, incluindo uns e excluindo a maioria,
deixando-a à míngua, sem recursos até mesmo para a sobrevivência, quando o universo
nos revela exuberância e dimensões infinitas.
J.A.R. – H.C.
Jalal ud-Din Rumi
(1207-1273)
Only Breath
Not Christian or Jew
or Muslim, not Hindu,
Buddhist, sufi, or
zen. Not any religion
or cultural system. I
am not from the East
or the West, not out
of the ocean or up
from the ground, not
natural or ethereal, not
composed of elements
at all. I do not exist,
am not an entity in
this world or the next,
did not descend from
Adarn and Eve or any
origin story. My
place is placeless, a trace
of the traceless.
Neither body or soul.
I belong to the
beloved, have seen the two
worlds as one and
that one call to and know,
first, last, outer,
inner, only that
breath breathing
human being.
A Essência da Infância
(Konstantin Razumov:
pintor russo)
Apenas Sopro
Nem cristão, judeu ou
muçulmano; nem hindu,
budista, sufi ou zen.
Nenhuma religião
ou sistema cultural; não
sou nem do Oriente
nem do Ocidente, nem advim
do oceano
nem do solo, tampouco
natural ou etéreo,
nem composto por
elemento algum. Não existo,
não sou uma entidade
neste mundo nem no próximo,
não descendo de Adão
ou Eva nem de qualquer
gênesis. Meu lugar é
o sem lugar, um vestígio
do sem vestígio. Nem
corpo nem alma.
Pertenço ao Amado. Vi
os dois mundos
como apenas um e a esse um invoco e o conheço,
o primeiro e o último, o exterior e o interior, esse mero
sopro que é a respiração do ser
humano.
Referência:
RUMI, Jalal ud-Din. Only breath. In:
__________. The essential Rumi: emptiness and silence – the night air. Translations by Coleman Barks with
John Moyne, A. J. Arberry and Reynold Nicholson. Edison, NJ: Castle Books,
1997. p. 32.
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